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Kraft Foods se une à Heinz, da brasileira 3G Capital e Berkshire Hathaway

25/03/2015 19h32

(Reuters) - A norte-americana Heinz, controlada pelo grupo brasileiro 3G Capital e pela norte-americana Berkshire Hathaway, anunciou nesta quarta-feira a compra de participação majoritária na Kraft Foods, numa operação que criará a terceira maior companhia de alimentos dos Estados Unidos.

O anúncio da aquisição fez as ações da Kraft dispararem 35,6 por cento. O acordo dará à Heinz acesso às marcas da Kraft, que estão presentes em 98 por cento dos lares norte-americanos e que poderão ser distribuídas internacionalmente por meio da Heinz.

A transação marca a quinta maior aquisição da 3G Capital na indústria de alimentos e bebidas desde 2008, quando o grupo arquitetou a compra da cervejaria norte-americana Anheuser-Busch pela InBev. A 3G Capital é uma empresa de investimento criada por Jorge Paulo Lehman, homem mais rico do Brasil, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.

A 3G, que comprou a Heinz em 2013 por 23,2 bilhões de dólares, também controla a Restaurant Brands International, formada quando a rede de fast food Burguer King comprou a rede canadense de cafeterias Tim Hortons.

Apesar da Heinz ter uma grande operação no Brasil, tendo comprado a brasileira Coinexpress, dona da marca Quero, em 2011, o acordo não envolve a Mondelez, que substituiu a marca Kraft no Brasil, após a separação do grupo norte-americano em 2012.

A nova empresa a ser criada com a combinação de Heinz e Kraft será comandada pelo atual presidente-executivo da Heinz, o brasileiro Bernardo Hees, que antes de entrar na companhia norte-americana presidiu a empresa ferroviária ALL.

O também brasileiro Alexandre Behring, atual presidente do Conselho da Heinz e sócio fundador da 3G Capital, será presidente do Conselho da empresa combinada. Behring já foi membro de Conselhos de empresas como B2W e GP Investments. O presidente-executivo da Kraft, John Cahill, será o vice-presidente do Conselho da nova empresa.

O novo grupo terá receita de cerca de 28 bilhões de dólares, menos da metade da receita da líder de mercado Pepsico em 2014, e oito marcas avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares cada. A união das empresas vai permitir economia anual de 1,5 bilhão de dólares até o final de 2017, afirmaram as companhias.

Segundo analistas, a aquisição da Kraft provavelmente não enfrentará restrições de autoridades de defesa da concorrência, já que há pouca sobreposição entre os produtos da nova empresa.

"Quaisquer vendas que tenham que fazer serão fáceis e de pouca expressão", disse Fiona Scott Morton, que leciona economia na Escola de Administração da Universidade de Yale.

A expectativa é que a transação seja concluída na segunda metade deste ano.

Representantes da 3G Capital e da Heinz no Brasil não comentaram a aquisição.

A 3G é conhecida por introduzir cortes de custos agressivos e melhorar a eficiência em empresas nas quais investe.

"Empresas maduras olham para cortes de custos. A 3G leva essa redução a um nível diferente", disse Bob Goldin, vice-presidente executivo da consultoria Technomic.

As fabricantes de alimentos processados como a Kraft estão enfrentando demanda mais fraca, uma vez que os consumidores estão optando por produtos considerados mais saudáveis.

A Kraft reformulou sua administração nos últimos meses e tem afirmado que vai desenvolver produtos que possam atender à mudança nos hábitos dos consumidores. Entretanto, "o Conselho viu a oportunidade da 3G como mais atraente", disse Cahill em teleconferência sobre a operação.

Os produtos da Kraft incluem queijo e carnes processadas, refeições prontas e a marca de café Maxwell House, enquanto a Heinz produz ketchup, molhos e comida congelada.

A aquisição teve assessoria financeira da Lazard, enquanto o escritório Cravath, Swaine & Moore and Kirkland and Ellis atuou como assessor jurídico, do lado da Heinz. Já pela Kraft a operação teve assessoria financeira da Centerview Partners.