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FMI pede alívio da dívida grega enquanto Alemanha fala duro

14/07/2015 11h58

Por Renee Maltezou e Jan Strupczewski

ATENAS/BRUXELAS, (Reuters) - Um estudo secreto do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou que a Grécia precisa de muito mais alívio da dívida que os governos europeus estão dispostos a contemplar até agora, enquanto a Alemanha eleva a pressão sobre Atenas para reformar.

O forte alerta do FMI sobre a dívida de Atenas vazou no momento em que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tem dificuldades para convencer parlamentares esquerdistas insatisfeitos a votarem a favor do pacote de austeridade e reformas econômicas liberais para garantir novo resgate.

O estudo, visto pela Reuters, traz que países europeus teriam que dar à Grécia um período de carência de 30 anos sobre o serviço de todas as suas dívidas, incluindo novos empréstimos, e uma dramática prorrogação dos vencimentos. Ou então terão que fazer transferências anuais ao orçamento grego ou aceitar "fortes cortes antecipados" em empréstimos existentes.

A Análise de Sustentabilidade da Dívida deve ampliar o forte debate na Alemanha sobre emprestar ainda mais dinheiro à Grécia.

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, deixou claro nesta terça-feira que alguns membros do governo acham que faria mais sentido Atenas deixar a zona do euro temporariamente.

Assumindo que Atenas cumpra sua parte do acordo esta semana aprovando série de medidas dolorosas, o Parlamento alemão deve se reunir em sessão especial na sexta-feira para debater se autoriza o governo a abrir novas negociações.

"A deterioração dramática da sustentabilidade da dívida indica a necessidade de alívio de dívida em uma escala que precisaria ir muito além do que tem estado sob consideração até agora, e o que foi proposto pelo ESM", informou o FMI, em referência ao Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira.

Uma fonte da UE disse que ministros das Finanças e líderes da zona do euro estavam cientes dos números confidenciais do FMI quando concordaram na segunda-feira com o mapa do caminho para o terceiro resgate.

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, estava presente, mas o FMI não fez uma avaliação pública atualizada, em contraste com o estudo que foi divulgado em 2 de julho.

Parlamentares do partido governista grego Syriza e seus aliados discutiam a portas fechadas se apoiam ou não as reformas que o governo precisa forçar pelo Parlamento enquanto se desdobra para atender os termos do impopular acordo de resgate.

Após afastar o colapso financeiro, Tsipras tem até quarta-feira à noite para sufocar a dissidência de linhas-duras e aprovar medidas mais austeras que aquelas rejeitadas no referendo há alguns dias.

O Syriza e seu aliado minoritário na coalizão realizavam reuniões separadas em preparação às sessões parlamentares para a aprovação das leis, que incluem planos para aumentos de impostos, reformas de previdência e supervisão mais estrita das finanças do governo.

Foi uma reviravolta espetacular para o partido Syriza que chegou ao poder em janeiro prometendo pôr fim a anos de cortes e recessão no país onde um quarto das pessoas estão desempregadas. Houve alguma especulação, incluindo no jornal alemão Bild, de que Tsipras poderia renunciar.