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Dólar cai, mas permanece em R$3,60, após comissão aprovar mudança na CSLL

26/08/2015 17h18

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda ante o real nesta quarta-feira, após três pregões seguidos de alta, mas continuou no patamar de 3,60 reais, após a comissão mista no Congresso Nacional aprovar a elevação da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), aumentando a expectativa de maior necessidade de proteção cambial pelo bancos, o que desencadearia mais venda da divisa norte-americana.

A moeda norte-americana caiu 0,19 por cento, a 3,6014 reais. Na máxima da sessão, o dólar chegou a subir 1,33 por cento na máxima da sessão, a 3,6563 reais, maior patamar intradia desde 14 de fevereiro de 2003 (3,6700 reais).

Nesta tarde, a comissão mista no Congresso aprovou a elevação da alíquota da CSLL para instituições financeiras para 20 por cento até 1º de janeiro de 2019, quando volta a vigorar o percentual de 15 por cento.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), relatora da proposta, pretendia aumentar a alíquota da CSLL a 23 por cento, mas a comissão optou pelo menor percentual. A Medida Provisória 675 segue ao plenário da Câmara dos Deputados e depois, ao do Senado.

Bancos que têm subsidiárias no exterior costumam se proteger da variação cambial, já levando em consideração impostos que têm de pagar sobre seus ganhos. Com o maior tributo, cresce essa necessidade de "hedge" e, por isso, eles têm de vender mais dólares para cumprir suas obrigações.

"Foi só sair a confirmação e dólar voltou", resumiu o especialista em câmbio da Icap Corretora, Ítalo Abucater.

Em cada uma das três sessões anteriores, o dólar subiu mais de 1 por cento, acumulando avanço de 4,3 por cento no período. O movimento dos últimos dias teve como pano de fundo também preocupações com a desaceleração da economia chinesa.

A alta vista mais cedo nesta quarta-feira ocorreu após números fortes sobre a economia dos Estados Unidos, que mostraram alta de 2 por cento nos pedidos de bens duráveis, enquanto analistas esperavam queda de 4 por cento.

Mas investidores vêm colocando em dúvida a possibilidade de o Federal Reserve, banco central norte-americano, dar início ao aperto monetário ainda neste ano em meio à intensa volatilidade financeira, desencadeada pelo tombo das bolsas chinesas.

A incertezas sobre o cenário político interno e a apreensão com a China também pesaram nesta sessão.

"O mercado está repleto de incertezas", disse mais cedo o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

No Brasil, o quadro político conturbado também pesou sobre o ânimo dos investidores, após a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) votar na véspera pela continuidade da ação que pede a cassação da presidente Dilma Rousseff. Incertezas sobre a possibilidade de ela não terminar seu mandato têm provocado intensa pressão sobre os mercados financeiros locais.

A volatilidade no mercado de câmbio foi acentuada também porque investidores se questionavam sobre a possibilidade de o Banco Central aumentar sua intervenção no câmbio para atenuar o avanço do dólar, que tende a pressionar a inflação.

"Na última vez em que o dólar subiu com tanta força, o BC agiu, mas agora está dando de ombros", disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 11 mil contratos de swap cambial tradicional, que equivalem a venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence no próximo mês. Ao todo, o BC já rolou 8,621 bilhões de dólares, ou cerca de 86 por cento, do total de 10,027 bilhões de dólares e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote.

(Por Bruno Federowski e Flavia Bohone)