Dólar sobe 0,89% sobre o real, com nervosismo sobre política local
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta de quase 1 por cento sobre o real nesta quarta-feira, com investidores voltando a comprar divisas após três dias de queda firme, nervosos com as perspectivas políticas após o Congresso Nacional adiar novamente a votação de vetos presidenciais com impacto fiscal e antes do julgamento das contas do governo pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
O dólar avançou 0,89 por cento, a 3,8771 reais na venda. O dia foi de sobe e desce, com a moeda chegando a 3,7880 reais na mínima, menor patamar intradia desde 9 de setembro (3,7671 reais) e a 3,8902 reais na máxima.
Nas três sessões anteriores, a moeda norte-americana havia acumulado queda de 3,99 por cento contra o real.
"Quem tinha vendido (dólares) nos últimos dias está comprando hoje. Ninguém quer pagar para ver se os problemas políticos vão se resolver", disse o operador de uma corretora nacional.
Pelo segundo dia seguido, não houve quórum de deputados e o Congresso Nacional adiou novamente sessão em que analisaria os vetos presidenciais que evitam maiores gastos públicos. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia afirmado mais cedo que, caso a sessão conjunta entre senadores e deputados fosse novamente cancelada por falta de quórum, caberia ao Executivo articular melhor sua base.
Além disso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux decidiu manter o julgamento das contas públicas do governo federal de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU) marcado para esta quarta-feira, após o governo pedir o afastamento do relator do caso, o ministro Augusto Nardes. O julgamento pode abrir espaço para o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Há muito ruído político e o mercado tem dificuldade para operar quando falta clareza", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Com isso, o real descolou de outros mercados emergentes, onde o dólar recuava. Nos últimos dias, uma rodada de indicadores econômicos fracos sobre os Estados Unidos alimentou as apostas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, pode esperar mais antes de dar início ao aperto monetário, o que aconteceria só em 2016.
A manutenção de juros perto de zero na maior economia do mundo pode sustentar a atratividade de investimentos em países como o Brasil, que pagam juros elevados.
O Banco Central brasileiro deu continuidade nesta manhã à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou 2,558 bilhões de dólares, ou cerca de 25 por cento do lote total, que corresponde a 10,278 bilhões de dólares.
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