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Banrisul não será vendido, diz diretor financeiro

02/12/2015 12h40

SÃO PAULO (Reuters) - O banco estatal gaúcho Banrisul não será vendido, disse nesta quarta-feira (2) o diretor financeiro da instituição que tem sofrido os efeitos da crise fiscal que atinge o governo do Rio Grande do Sul.

"Isso é impossível", disse à agência de notícias Reuters o diretor de finanças e relações com investidores do Banrisul, Ricardo Hingel.

"Tenho quase uma procuração do governador do Estado para dizer isso", afirmou pouco antes, durante apresentação a analistas da Apimec. Ele explicou que o valor de mercado do banco está muito baixo e que uma venda não resolveria os problemas orçamentários do Estado.

A deterioração da economia do país e a situação fiscal do Rio Grande do Sul têm deteriorado algumas métricas importantes do Banrisul.

O índice de inadimplência acima de 90 dias do banco passou de 3,74% para 4,47% na passagem do segundo para o terceiro trimestre, nível bem acima dos registrados pelos maiores bancos do país.

Além disso, o índice de cobertura para calotes acima de 90 dias, caiu na mesma comparação, chegando a 154% em setembro, na contramão dos rivais maiores, que ostentavam índice ao redor de 200%.

Parte importante dessa deterioração deveu-se a atrasos nas operações com empresas. Mais de 70% da carteira de crédito do Banrisul para pessoas jurídicas era para capital de giro no final do terceiro trimestre.

"Houve muitos pedidos de recuperação judicial", argumentaram executivos do banco no encontro com os analistas.

O Banrisul também teve problemas recentes com sua carteira de crédito consignado, segmento que representa três quartos dos empréstimos para pessoas físicas.

Dadas as restrições orçamentárias do governo gaúcho, o pagamento de créditos tomados por funcionários do Estado tem sofrido atrasos de até 20 dias.

Segundo Hingel, no entanto, o banco teve um compromisso do governo local de que os atrasos não vão mais acontecer.

De todo modo, o Banrisul previu que seu índice de inadimplência deve crescer mais em 2016, dada a previsão majoritária de que o país terá outro ano de recessão econômica.

Ainda assim, o banco descarta a hipótese de fazer cessão de carteiras a outras instituições como forma de fortalecer sua posição de liquidez e reduzir exigências de capital.

(Por Aluísio Alves)