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Itaú Unibanco prevê elevação da inadimplência rumo a níveis pré-pandemia

Itaú Unibanco prevê elevação da inadimplência rumo a níveis pré-pandemia - Getty Images
Itaú Unibanco prevê elevação da inadimplência rumo a níveis pré-pandemia Imagem: Getty Images

Aluísio Alves*

09/05/2022 10h27Atualizada em 09/05/2022 13h50

O índice de inadimplência do Itaú Unibanco deve voltar gradualmente a níveis anteriores aos da pandemia, com leve alta nos próximos trimestres, afirmou hoje o presidente-executivo da companhia, Milton Maluhy Filho, durante teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre.

Segundo Maluhy Filho, o Itaú planeja desacelerar as concessões de crédito para conter a inadimplência. "Perspectivas não são boas olhando para frente; a gente tem sido muito proativo na redução e nos ajustes de concessão".

Linhas como cartão de crédito (+41,5%), crédito pessoal (+26,8%) e para pequenas e médias empresas (+29%) lideraram a expansão de 13,9% em 12 meses até março da carteira de empréstimos, para R$ 1,03 trilhão, surpreendendo o próprio banco.

Por um lado, essa expansão fez as margens com clientes evoluírem 23,9% ano a ano, para R$ 20 bilhões, refletindo também o efeito da alta do juro sobre os passivos.

Mas por outro, o índice de inadimplência subiu 0,1 ponto percentual na base sequencial e 0,3 ano a ano, a 2,6%, tendência que deve se prolongar ao longo de 2022, segundo Maluhy Filho, e levar o banco a ampliar a provisão para perdas com calotes em 69,5% no comparativo anual.

Esse conjunto levou o Itaú um lucro recorrente de 7,36 bilhões de reais de janeiro a março, 15% maior no comparativo anual, mas em linha com a projeção média de analistas consultados pela Refinitiv, de 7,35 bilhões de reais.

Analistas apontaram que, apesar da piora da qualidade da carteira, o Itaú fez melhor do que os rivais nesse item. Mas o resultado também foi beneficiado por fatores como o crescimento de seguros, que ajudou a receita com serviços da instituição crescer 9,6%, enquanto as despesas administrativas evoluíram 3,8%, em nível bem inferior do que o IPCA no período, de 11,3%.

Eduardo Rosman e equipe, do BTG Pactual, consideraram o resultado em linha com o esperado e mantiveram a ação do banco como uma das preferidas do setor no Brasil. Avaliação similar veio de Jörg Friedemann e equipe, do Citi, que reiteraram recomendação de compra para o papel, apesar do lucro do Itaú ter tido também ajuda de pagamento de menor alíquota de imposto.

Ainda assim, em outro dia de forte volatilidade da bolsa, a ação do Itaú caía 1,5% às 13h10 (horário de Brasília), enquanto o Ibovespa cedia 1%.

No conjunto, o retorno recorrente sobre o patrimônio do Itaú subiu 1,9 ponto percentual, para 20,4%, nível que Maluhy diz que deve se manter nos próximos trimestres. O executivo também reforçou que a política de distribuir 25% do resultado do banco aos acionistas será mantida.

O grupo manteve suas projeções de desempenho para 2022, com Maluhy Filho defendendo que a política de "guidance" deve ser coerente.

O resultado vem após o rival Bradesco ter anunciado semana passada aumento de 4,7% no lucro do trimestre, sobre um ano antes, refletindo maiores receitas com crédito e controle de despesas. O banco também revisou várias de suas premissas de resultados para o ano.

E o Santander Brasil havia anunciado no final de abril lucro trimestral 1,3% maior, mesmo após as provisões para perdas com empréstimos avançarem 45,9% no período.

*Com reportagem adicional de Gabriel Araújo e André Romani, edição Alberto Alerigi Jr.