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Morre em SP o arquiteto Jorge Wilheim, aos 85 anos

14/02/2014 11h36

O arquiteto Jorge Wilheim morreu na madrugada desta sexta-feira em São Paulo. Segundo a assessoria do arquiteto, ele estava internado desde dezembro do ano passado após se envolver em um acidente de carro.

Com 85 anos, Wilheim dedicou 60 anos à arquitetura e ao urbanismo da cidade sendo responsável por projetos em cartões-postais da capital paulista, como a reurbanização do Vale do Anhangabau e do Pátio do Colégio.

O velório do arquiteto acontece no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, até as 14h. O enterro será às 14h30 no Cemitério Israelita, no Butantã. Wilheim era casado, deixa dois filhos e netos.

Wilheim nasceu em 1928, na cidade italiana de Trieste e aos 12 anos mudou com a família para o Brasil.

Em um de seus trabalhos mais recentes, o escritório de arquitetura dele foi responsável em prestar consultoria ao Ministério dos Esportes para o projeto urbanístico dos Jogos Olímpicos de 2016.

Da sua prancheta também saíram os projetos de muitas das referências arquitetônicas e urbanas, como: a sede do Clube Hebraica (1961), o TAIB - Teatro de Arte Israelita-Brasileiro (1961), o Serviço Social das Indústrias (Sesi) - Vila Leopoldina (1974), a sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (1975), o centro de diagnósticos do Hospital Albert Einstein (1978/85), o prédio do Jockey Clube São Paulo (1º lugar em concurso público, 1959), a Galeria Ouro Fino, o Shopping Center 3 (1961) e diversas escolas profissionais para o Senac.

Trajetória

Ainda na década de 1950, recém-formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, enfrentou o desafio de projetar uma nova cidade para 15 mil pessoas no Mato Grosso, com a finalidade de desenvolver a região.

Expressivo formulador do chamado "planejamento estratégico" no Brasil, conceito criado pelos teóricos Manuel Castells e Jordi Borja, uma de suas contribuições pioneiras foi a criação dos Planos Diretores.

Profundo conhecedor de muitas cidades e habituado a liderar equipes multidisciplinares, foi responsável por mais de 20 planos urbanísticos, destacando-se os de Curitiba, Goiânia, Natal, São Paulo, Campinas e São José dos Campos entre dezenas de outras cidades.

Wilheim também atuou no campo político sendo secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo (1975-79); e duas vezes Secretário de Planejamento da capital (gestão Mário Covas e Marta Suplicy).

Suas principais marcas no governo estadual foram a criação do Procon, da Fundação Seade, da EMTU, e do "Passe do Trabalhador", hoje conhecido como vale-transporte. Foi também presidente da Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo (Emplasa), onde elaborou o primeiro Plano Metropolitano da macrometrópole paulista. Como Secretário de Planejamento do Município de São Paulo, criou o pioneiro passe do idoso.

Articulista dos principais jornais e revistas do país, Wilheim é autor de dez livros sobre vida urbana, publicados por diferentes editoras de São Paulo, Buenos Aires e Londres. Sua obra mais recente é São Paulo: uma interpretação (Editora Senac), premiada pela Academia Paulista de História na categoria Melhor Livro Publicado em 2011 sobre São Paulo.