IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Juros futuros avançam na BM&F ainda sob impacto de decisão do Fed

18/09/2014 18h17

Os juros futuros avançaram nesta quinta-feira na BM&F, dando sequência ao processo de realinhamento de prêmios iniciado ontem na esteira da alta dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) desencadeada pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA). Após uma temporada de "complacência com o risco", refletida em volatilidade reduzida e busca desenfreada por retornos ao redor do mundo, investidores tratam de se reposicionar diante do aumento das chances de que a primeira elevação da taxa de juros nos Estados Unidos se dê já no primeiro semestre de 2015.

Após a alta recente, a taxa da T-note de 10 anos ? referência do mercado global de renda fixa ? parece ter se fixado acima de 2,60%, alcançando hoje a máxima de 2,64%. Uma mudança de patamar dos Treasuries, uma espécie de taxa básica do mundo, obriga automaticamente todos os outros países a oferecer retornos maiores para atrair investidores.

Por aqui, DI janeiro/2017 subiu para 11,74% (ante 11,59% ). O DI janeiro/2021 passou de 11,43% para 11,53%. A alta em relação ao nível dos ajustes de ontem deve ser posta, contudo, em perspectiva. Grande parte do avanço de hoje reflete apenas a incorporação dos movimentos na sessão estendida ("after market") de quarta-feira, quando as taxas avançaram com força, em meio a ordens de zeragem de posições.

"Quando os Treasuries se movem, o mercado local de juros fica sobressaltado. É um sinal de que o ambiente externo pode deixar de ser tão amigável", afirma Fernando Aldabalde, gestor de renda fixa da Áquilla Asset Management.

O Fed uma vez mais se comprometeu em manter a taxa baixa por um "período considerável" após o fim do programa mensal de compra de bônus, em outubro. Mas esse sinal brando foi ofuscado pelo aumento das projeções dos próprios integrantes do BC americano. As estimativas para a taxa básica no fim de 2015 subiram do intervalo que vai de 1% a 1,25% para uma faixa entre 1,25% e 1,50%.

Aldabalde ressaltou que o mercado havia cortado de forma expressiva os prêmios de risco ao longo de agosto em meio a uma onda de boas notícias, como o anúncio de mais estímulos monetários na zona do euro, o próprio tombo dos Treasuries e a expectativa de vitória da oposição na corrida eleitoral doméstico. Era natural, portanto, que houvesse uma correção com o sinal do BC americano. "O Fed tem que dar alertas que evitem uma ?complacência' com o risco. Mas também não pode permitir uma alta expressiva das taxas longas. Embora o ?guidance' de ontem tenha sido um pouco confuso, parece que ele conseguiu manter esse equilíbrio", afirma.