IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Bovespa perde 7,6% em três dias com cenário eleitoral e piora externa

01/10/2014 18h17

A bolsa brasileira voltou a cair forte nesta quarta-feira, mas desta vez a culpa não foi apenas das pesquisas sobre a corrida ao Palácio do Planalto. O mercado local foi influenciado pelo clima tenso no exterior, diante de uma rodada de indicadores fracos na Europa e de uma forte correção das ações de empresas menores (small caps) nos Estados Unidos.

O Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria da zona do euro desacelerou de 50,7 pontos em agosto para 50,3 em setembro, menor nível em 14 meses. Analistas previam recuo menor, para 50,5 pontos. Chamou atenção o forte recuo do PMI da indústria na Alemanha , de 51,4 pontos em agosto para 49,9 em setembro, abaixo da marca de 50 pontos que separa expansão da contração. A França também apresentou contração em sua indústria na mesma comparação.

"Amanhã tem reunião do Banco Central Europeu (BCE). Com esses dados fracos, a expectativa é que o ?Super Mario' reapareça com um pacote de ajuda", comenta o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi, referindo-se ao presidente do BCE, Mario Draghi.

Nos Estados Unidos, a geração de empregos no setor privado, medida pela ADP, foi o único indicador a vir dentro do esperado pelos economistas, com criação de 213 mil vagas em setembro, acima da previsão de 209 mil novos postos. O PMI da indústria americana desacelerou de 57,9 pontos em agosto para 57,5 na leitura final de setembro, mas seguiu em patamar forte.

Já o índice de atividade industrial nos EUA do Instituto para a Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) caiu de 59 pontos em agosto para 56,6 em setembro, quando a previsão dos analistas era de 58,2. Os gastos com construção caíram 0,8% em agosto no país, quando a previsão era de alta de 0,6%.

O aumento da percepção de risco dos investidores pressionou em especial o índice Russell 2000, de pequenas empresas americanas, que já acumula perda de 10% desde o recorde do índice, em março.

"Há uma preocupação de que haja uma bolha entre as small caps americanas. Os últimos dados da economia americana vieram um poucos mais fracos do que o esperado. É um sinal de que o terceiro trimestre não deve ser tão forte quanto o segundo, quando os Estados Unidos cresceram 4,6%", alerta o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. "Ou a economia cresce com mais vigor para sustentar o lucro das empresas, ou os preços das ações terão que ser corrigidos para baixo."

O Ibovespa fechou em baixa de 2,32%, aos 52.858 pontos, com volume expressivo de R$ 8,080 bilhões. Em Wall Street, o índice Dow Jones perdeu 1,40%, o Nasdaq caiu 1,59%, o S&P 500 recuou 1,33% e o Russell 2000 registrou baixa de 1,48%. Somente nesta semana, a bolsa brasileira já perdeu 7,6%.

Entre as ações de maior peso no Ibovespa, Petrobras PN (-5,52%, a R$ 17,09) apareceu entre as principais baixas, influenciada pelo avanço de Dilma Rousseff (PT) na sua campanha pela reeleição, seguida por Itaú PN (-2,62%, a R$ 32,96) e Bradesco PN (-3,58%, a R$ 33,59).

Ontem saíram mais duas pesquisas eleitorais. Pelo Datafolha, Dilma segue liderando a corrida com 40 % das intenções de voto. Marina Silva (PSB) caiu de 27% para 25%, enquanto Aécio Neves (PSDB) subiu de 18% para 20%. No Ibope, Dilma sobe de 38% para 39%, Marina cai de 29% para 25% e Aécio ficou em 19%.

Banco do Brasil ON (1,58%, a R$ 25,70) inverteu o sinal no fim do pregão e fechou entre as maiores altas do dia. A virada foi provocada por declarações do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Caffarelli, de que o governo ainda não tem nenhuma decisão sobre o uso do Fundo Soberano para o cumprimento da meta de superávit primário.

"De maneira nenhuma, as ações do Banco do Brasil serão prejudicadas. Em nenhum momento, vamos colocar ações do BB no mercado", disse Caffarelli em entrevista no Rio. "Pode-se vender [as ações do BB que fazem parte do Fundo Soberano], mas não há necessidade de fazer oferta pública."

Além de BB, na ponta positiva do mercado ficaram Usiminas PNA (2,19%) e empresas que ganham com a alta do dólar, como Braskem PNA (1,60%), Fibria ON (1,22%), Embraer ON (1,03%) e Suzano PNA (0,71%).

A lista de maiores baixas trouxe Marfrig ON (-6,90%), Rossi ON (-6,48%) e Even ON (-5,13%). Gol PN (-5,12) também foi destaque negativo. A disparada do dólar, que hoje atingiu os R$ 2,48 é nociva para a companhia aérea, que possui dívidas e custos atrelados à moeda americana.