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Mercedes-Benz reduz grade salarial em 10%

10/10/2014 21h24

A Mercedes-Benz conseguiu aprovar uma redução de 10% de sua grade salarial no ABC paulista no acordo fechado no fim do mês passado com o sindicato dos metalúrgicos da região, conforme informou nesta sexta-feira a direção da empresa ao anunciar a reorganização industrial da marca no país.

A redução nas faixas salariais, aplicável a novas contratações na fábrica de São Bernardo do Campo, soma-se a outros termos aprovados no acordo para diminuir os custos trabalhistas da fábrica paulista.

Em troca, a montadora anunciou investimentos adicionais de R$ 500 milhões no parque industrial paulista, incluindo a adaptação da fábrica para a produção do caminhão leve Accelo, hoje montado em Juiz de Fora (MG), a partir de 2016.

Junto com a nova grade salarial, a montadora aprovou um corte de 20% no piso salarial da fábrica, que passa a ser de R$ 1,7 mil, assim como não terá que dar reajustes salariais acima da inflação até 2017, último ano do acordo. Benefícios como abonos e participação nos lucros e resultados, porém, foram mantidos.

A Mercedes já vinha negociando há cerca de um ano com o sindicato formas de diminuir o peso da folha de pagamentos na fábrica de São Bernardo, cujo custo, segundo a montadora, é o dobro do de concorrentes como MAN, instalada no sul do Rio de Janeiro, e Volvo, de Curitiba (PR). Com a crise na indústria de veículos comerciais, o acordo ganhou urgência.

"Chega um momento que não dá mais para carregar isso para não colocar em risco todos os empregados", disse Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz no Brasil, em entrevista a jornalistas na sede administrativa da empresa em São Bernardo.

Apesar disso, o executivo não quis se comprometer com a manutenção dos empregos, que, disse, vai depender mais da reação do mercado do que propriamente de reorganizações feitas pela companhia. Hoje, a Mercedes estima em 1,7 mil trabalhadores o excesso de mão de obra no ABC. Desse total, mais de mil estão afastados da produção em regime de "layoff".

O novo acordo permite à Mercedes estender até abril o afastamento desses operários, previsto para terminar no fim do mês que vem. Mas diretores da empresa informaram que não há uma definição fechada sobre isso. "Estamos discutindo a situação. No dizer que não é de interesse da companhia demiti-los. No total, 10 mil funcionários trabalham na fábrica da montadora alemã em São Bernardo.

Já sobre a fábrica de Juiz de Fora, onde operários paralisaram a produção após o anúncio de que a montadora vai retirar de lá a linha de montagem de caminhões leves Accelo, Schiemer garantiu a manutenção de empregos. Nesta sexta-feira, o grupo anunciou investimentos de R$ 230 milhões na fábrica mineira, que, dentro da reorganização industrial, passa a concentrar toda a produção de cabines da marca.

"Se não quiséssemos ficar, não estaríamos anunciando esse investimento até 2018", disse o executivo.