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Chinaglia, Cunha e Delgado se candidatam à presidência da Câmara

17/12/2014 21h40

A competição pela presidência da Câmara dos Deputados, em fevereiro, consolidou-se nesta quarta-feira, no último dia de atividade da atual legislatura, com o anúncio de três candidaturas: duas de deputados de partidos da base aliada e uma alinhada a parlamentares da oposição.

Há mais tempo em campanha e tido como favorito na disputa, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), fechou aliança com o PRB, PTB, DEM e a bancada ruralista, enquanto Arlindo Chinaglia (PT-SP) se lançou candidato com apoio do PCdoB e Pros. Júlio Delgado (PSB-MG) anunciou uma candidatura mais alinhada à oposição, formada com PSDB, PPS e PV.

Na soma das bancadas eleitas, o pemedebista está na frente, com o apoio de 161 deputados. Os partidos na aliança do PT somam 90 deputados e na do PSB, 106, mas nenhuma das bancadas é unânime em torno de um só candidato e essa conta pode distorcer a percepção. A votação é secreta e estimula traições aos líderes partidários.

Cunha, que prega independência do Legislativo em relação ao Executivo, oficializou o apoio da maioria das bancadas de PTB, PRB, DEM, SD e PSC ? este último, porém, tinha integrantes no ato de lançamento de Chinaglia. "A bancada do PSC tem 13 deputados. O Eduardo Cunha tem o apoio de oito e somos cinco com o Arlindo. Ainda dá para mudar até o dia 2 de fevereiro", disse o deputado Silvio Costa (PSC-PE).

Aos ruralistas, o pemedebista prometeu colocar em votação a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215/00, que transfere do Executivo para o Legislativo a decisão sobre a demarcação de terras indígenas, e todas as outras matérias polêmicas que surgirem. "Vamos decidir tudo no voto", costuma dizer. A FPA, na tentativa de aprovar a proposta, esbarrou na obstrução do governo e do PT.

Chinaglia, atual vice-presidente da Câmara e ex-líder do governo Dilma, esperava contar também com o PDT em sua chapa. Mas os pedetistas, com 19 deputados eleitos, ficaram insatisfeitos com o anúncio antecipado do apoio e não apareceram no evento. "A declaração do líder Vicentinho foi muito precipitada. Nem debatemos ainda os critérios para formação deste bloco", afirmou o vice-presidente nacional do PDT, deputado André Figueiredo (CE).

Para escapar da pecha de governista, o petista disse que um bom presidente da Câmara coleciona atritos com os outros Poderes e defendeu a imparcialidade ao tratar de temas que envolvem governo e oposição. "A independência do Parlamento não pode ser a dependência da oposição."

Sobre a criação de uma nova CPI da Petrobras, Chinaglia foi menos enfático que Eduardo Cunha, que diz ser "inevitável" esse procedimento, mas defendeu que o papel do presidente é seguir o regimento interno, a Constituição Federal e a vontade do plenário. "Com CPI é a mesma coisa. Tem que cumprir com o ordenamento existente. Se tem as assinaturas necessárias, se todas assinaturas estão válidas, se não tem outra CPI na frente, não tem nem discussão, ela tem que ser instalada", afirmou.

Delgado, por sua vez, angariou o apoio da oposição, mas evitou posicionar-se como candidato contra o Palácio do Planalto, já que precisará dos votos da base aliada para ser eleito. "Não é candidatura de oposição. É de relevância e altivez do Parlamento. Não temos nenhum comprometimento de subordinação a nenhum poder. É de equilíbrio com os demais poderes", afirmou.

Confirmada nesta quarta, a adesão dos tucanos, que deu mais musculatura à candidatura, foi articulada diretamente com o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, que não queria atrelar o partido a Cunha.