Contingenciamento não basta para retomar confiança, diz Ilan Goldfajn
O ex-diretor do Banco Central Ilan Goldfajn, atual economista-chefe do Itaú Unibanco, acredita que o contingenciamento do Orçamento, que será anunciado nesta sexta-feira pelo governo federal, é "uma medida importante", mas não suficiente para retomar definitivamente a confiança no cumprimento dos compromissos fiscais.
A expectativa é que o governo anuncie hoje um contingenciamento próximo a R$ 70 bilhões, em linha com o esperado pelo economista, que trabalha com a ideia de um valor entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões.
Goldfajn acredita que o anúncio do contingenciamento é uma medida positiva, mas "depois temos que ver se fica ou libera [parte do valor contingenciado], essas coisas mudam ao longo do tempo. É importante, mas não acaba aí."
O ex-diretor do Banco Central participou do XVII Seminário Anual de Metas para a Inflação e foi mediador de um dos debates.
O debate ocorreu logo após o discurso da presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que defendeu as medidas de austeridade implementadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e a proposta de corte no Orçamento.
Ilan Goldfajn disse que a convergência da inflação para o centro da meta já em 2016 ainda é uma dúvida. "De um lado temos uma inflação alta, que acho que vai acabar fechando o ano em 8,5%, e isso gera uma inércia para o ano seguinte, não cai tão rápido; por outro lado, temos uma atividade mais fraca. Essas duas coisas precisam ser avaliadas", disse.
De todo modo, o economista considera que, neste momento, o importante é que as projeções de inflação prossigam em queda, na direção da meta, e que não voltem a subir, especialmente nos cenários para 2017. "O importante é que essa tendência prossiga", afirmou.
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