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Bovespa fecha no pior nível em 4 meses com incerteza sobre meta fiscal

22/07/2015 17h46


A expectativa de uma redução drástica na meta de superávit primário, de 1,1% para 0,15% do PIB neste ano, pesou sobre a Bovespa nesta quarta-feira. A bolsa brasileira também sofreu influência da queda dos mercados internacionais, especialmente dos preços do minério e do petróleo.

Os detalhes da nova meta fiscal foram fechados em reunião ontem à noite no Palácio da Alvorada com a presidente Dilma Rousseff e os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, do Planejamento, Nelson Barbosa, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante. O governo estuda ainda um corte de gastos adicional, da ordem de R$ 15 bilhões. Levy e Barbosa darão entrevista ainda nesta quarta-feira. Oficialmente, a entrevista será para comentar o relatório de avaliação de receitas e despesas do terceiro bimestre, mas tudo indica que o corte na meta fiscal será anunciado hoje.

O Ibovespa fechou em baixa de 1,08%, aos 50.916 pontos, no menor nível desde 27 de março, quando marcou 50.095 pontos. Mais uma vez, o volume financeiro somou R$ 5,506 bilhões.

"O volume está ruim e não há nenhum incentivo para os papéis subirem", comentou o especialista em bolsa da Icap Brasil, Rogério Oliveira. Ele acredita que a redução do superávit primário colocará em risco a manutenção do grau de investimento do país pelas agências de rating. Por outro lado, Oliveira avalia que boa parte desse risco já está embutido no preço dos ativos. "A queda recente da bolsa está mais relacionada às questões macroeconômicas e políticas. A sensação é que o grau de investimento será perdido."

Entre as principais ações do índice, Petrobras PN caiu 3,80%, acompanhada de Vale PNA (-2,80%), Itaú PN (-1,56%), Bradesco PN (-0,78%) e Ambev ON (-0,51%).

Vale acompanhou o tombo de suas concorrentes internacionais BHP Billiton (-5,71%) e Rio Tinto (-3,64%) na bolsa de Londres. O setor reagiu aos dados da BHP, que anunciou aumento de 14% na produção de minério de ferro no ano fiscal de 2015 e informou que prevê alta de 6% no exercício fiscal de 2016.

Petrobras sofreu mais uma vez a influência do risco político, e também com a nova queda do preço do petróleo, que fechou abaixo de US$ 50 em Nova York, cotado a US$ 49,19 por barril WTI.

Outro destaque negativo hoje foi Banco do Brasil ON (-4,81%). As ações do banco estão em queda livre desde a semana passada, quando tornou-se público o movimento de vendas dos papéis por parte do fundo soberano. As vendas fazem parte da estratégia do governo de fazer caixa para conseguir alcançar superávit neste ano.

Na ponta negativa do Ibovespa estão Gerdau Metalúrgica PN (-7,39%), Rumo ON (-7,14%) e Hering ON (-5,37%). Entre as poucas altas do dia terminaram as empresas de papel e celulose Fibria ON (5,84%) e Suzano PNA (3,62%).

O setor reagiu em alta à informação de que a produtora chinesa de fibra curta e papel Asia Symbol vai suspender a produção em uma linha com capacidade de 1,5 milhão de toneladas por ano em Rizhao devido à seca que atinge a região de Shandong. Segundo o Bank of America Merrill Lynch, a linha de produção suspensa responde por 2,5% a 3,0% da oferta global de celulose, que o deve aliviar a pressão sobre o preço do produto durante o verão no hemisfério norte.