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Percepção de retomada mais lenta frustra setor de serviços, diz FGV

31/10/2016 15h00

A percepção de que a retomada na atividade de serviços será mais lenta do que o esperado derrubou as expectativas do setor em outubro, que registraram a queda mais intensa em mais de um ano.

A análise é do consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) Silvio Sales. Ele fez a avaliação ao comentar o recuo de 1,7 ponto no Índice de Confiança do setor de Serviços (ICS) entre setembro e outubro, para 78,9 pontos.

O Índice de Expectativas (IE), um dos dois sub-indicadores usados para cálculo do ICS, caiu 4,3 pontos, para 86,7 pontos. Foi o mais intenso recuo desde setembro de 2015 (4,5 pontos), informou Sales.

Houve uma "calibragem" nas expectativas em outubro, avaliou Sales. Ele comentou de, nos seis meses anteriores, o IE subiu 22,1 pontos. Isto porque o setor estava confiante numa retomada na demanda interna pelo menos no quarto trimestre deste ano, expectativa que não se sustentou.

Sales comentou que o contexto permanece desfavorável para a demanda no setor de serviços. Houve piora nos indicadores de mercado de trabalho, com avanço da taxa de desemprego, como mostrou o IBGE na semana passada. A taxa de desocupação subiu para 11,8% no trimestre encerrado em setembro, ante 11,3% no trimestre finalizado em junho. O especialista lembrou que o setor de serviços representa mais de 60% do mercado formal de emprego.

"O setor de serviços é causa e consequência [do desemprego e que depende muito da capacidade de consumo", lembrou. E a recuperação dessa capacidade, não ocorreu até o momento, observou ele. Isto acabou por esfriar a confiança do empresariado quanto ao futuro. Ele informou que, dos 13 setores pesquisados para cálculo do ICS, nove apresentaram piora nas expectativas entre setembro e outubro. "Nas expectativas, a queda foi disseminada", afirmou.

Por outro lado, houve discreta melhora na avaliação do setor sobre situação atual. Sete dos 13 segmentos analisados pela fundação mostraram melhor avaliação sobre o momento presente, entre setembro e outubro. O Índice de Situação Atual (ISA) subiu 0,7 ponto no mesmo período, para 71,5 pontos - a primeira elevação após dois meses de recuo. Na avaliação do especialista, ocorre ajuste também nas análises sobre o momento presente, observou. O cenário atual é crítico, mas o quadro delineado não é tão negativo como se mostrava no passado.

"A recessão está em andamento. Mas há perspectiva de que, em algum momento, ocorra uma desaceleração do ritmo de queda [da economia]", avaliou. "As estimativas mais otimistas apostavam num início de estabilização ainda este ano, mas foram frustradas", comentou, avaliando que o mais provável, atualmente, é que os sinais de uma possível retomada na economia sejam mais claros apenas em meados de 2017.