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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

SXSW: Como levar tecnologia e educação para todos --e de forma igual?

Blockchain, Token, NFT, AI, WEB3 e Metaverso: como tudo isso ajuda na educação? - Divulgação
Blockchain, Token, NFT, AI, WEB3 e Metaverso: como tudo isso ajuda na educação? Imagem: Divulgação

17/03/2022 12h12

O surgimento de novas tecnologias habilita diferentes possibilidades para resolver problemas antigos e, ao mesmo tempo, cria uma série de questões que ainda não sabemos resolver.

Acompanhando o SXSW, principal eventos de inovação do planeta, notei que muito se fala sobre essa sopa de letras tecnológicas: Blockchain, Token, Smart Contract, NFT, DeFi, AI, WEB3 e Metaverso.

Esses temas carregam um potencial gigante de mudar consideravelmente a forma como vivemos. Mas, como fazer isso na prática? Como levar a tecnologia e a educação para todas as pessoas, de forma igual?

Muita gente acredita que todas essas questões estão muito distantes de serem escaláveis. Sem dúvida, temos desafios para que isso aconteça.

Mas quando me deparo com essa provocação de analisar "futuros possíveis" e responder se as novas tecnologias são de fato aplicáveis e escaláveis, gosto sempre de olhar para as gerações mais jovens, que estão recebendo essa mudança sem carregar nenhum tipo de preconceito de modelos anteriores.

Nativos digitais dão o tom

Isso acontece porque eles são nativos digitais. A tecnologia já faz parte do mundo deles, está inserido nos jogos, na forma como interagem com seus amigos, no quanto de tempo estão online e off-line, na forma de pensar e agir.

E essa análise de fato me traz uma resposta interessante: a questão não é se a mudança vai acontecer ou não, e sim de COMO e QUANDO! E, mais: o COMO vai determinar o QUANDO!

No setor de educação não seria diferente. A transformação digital chegou com força total e fez com que todas as escolas e universidades sentissem a necessidade de se reinventar, levando novas ferramentas de ensino para a realidade de muitos brasileiros.

Mas a educação ainda passa por uma gigantesca necessidade de se renovar. A velha maneira de ensinar tem seus dias contados.

Capacidade de reaprender ou ressignificar a realidade

Assistindo a palestra da futurista Amy Webb, professora da Universidade Nova Iorque e CEO do Future Today Institute, parei para analisar algumas tendências mencionadas, principalmente, sobre o lado distópico da tecnologia.

Embora sua fala pareça pessimista, Amy traz alertas sobre as incertezas que os avanços tecnológicos carregam e que, muitas vezes, são esquecidas por conta do viés comercial da inovação.

Segundo a especialista, as novas tendências nos convidam a considerar resultados alternativos àqueles que imaginamos inicialmente. E também desbloqueiam algo valioso para todos nós: a capacidade de reaprender ou ressignificar a realidade.

O despertar para um novo futuro, diferente do que idealizamos antes, faz com que a gente precise reaprender a educação e também a forma como vamos educar.

O fim dos modelos engessados

As novas gerações não aceitam mais modelos engessados e não querem aprender o que não precisam usar. O conhecimento está disponível no mundo digital, estudar é algo que se faz de acordo com a necessidade. À medida que recebem desafios, eles buscam sua própria maneira de aprender na prática e rapidamente se tornam especialistas no que fazem.

Essa percepção, que vem do comportamento dos nativos digitais, traz algumas reflexões sobre os nossos desafios atuais.

Como podemos, por exemplo, ensinar os jovens se nem sabemos o que eles precisam aprender? A mudança tecnológica acelerada aumentou a distância entre as gerações, por isso precisamos recorrentemente aprender a reaprender de forma rápida.

O conhecimento nunca foi tão perecível. O que antes era novidade, hoje já pode estar ultrapassado e precisamos nos esforçar para acompanhar os avanços que a tecnologia proporciona em todos os setores da nossa vida. Os professores são os próprios alunos, em uma grande rede compartilhada de conhecimento e experiências. Cada vez mais percebemos a necessidade de aprender sob demanda, de acordo com o que o mercado exige.

Reter conhecimento, o maior desafio

Reter a atenção das pessoas nesse mundo digital tem sido um grande desafio, mas reter o conhecimento aprendido talvez seja um desafio ainda maior. O volume de informações que recebemos diariamente é gigantesco. Por isso, acredito que precisamos aproximar o conhecimento entre as gerações e ampliar a capacidade de repensar e claro, reaprender.

Durante o SXSW, pude acompanhar exemplos de empresas e startups que estão criando experiências imersivas, utilizando tokens (NTF ou Crypto, por exemplo) para remunerar o esforço de aprendizagem dos alunos e ainda levando o entretenimento para a educação. As possibilidades e novidades são muitas e temos que avaliar, em conjunto, quais experiências dialogam com as necessidades atuais.

Toda essa análise demonstra que o modelo de aprender já mudou completamente. Agora, o desafio é fazer com que esse aprendizado chegue para todos. Democratizar o ensino não pode ser visto como um sonho distante, e sim, como uma vontade latente de fazer isso acontecer. Como podemos tornar a educação mais inclusiva?

O acesso à educação esbarra em dificuldades socioeconômicas, mas é possível criar oportunidades e quebrar paradigmas. Nesses últimos dois anos, observamos que o EAD escalou por todo Brasil e com qualidade, o que mostra que as mudanças são possíveis e já estão acontecendo.

Educação mais inclusiva

O ensino digital aproxima, facilita e viabiliza realizações pessoais, e profissionais, possibilitando avanços sociais visíveis. Nesse sentido, o EAD permite a educação chegue em todas as regiões do país e que mais cidadãos tenham condições de pleitear melhores oportunidades de trabalho, contribuindo também para o desenvolvimento econômico local.

A relação entre a tecnologia e a educação é bastante simbiótica. Uma precisa da outra para fazer acontecer. Afinal, democratizar a educação exige que todos possam ter acesso as mesmas ferramentas, a mesma qualidade de experiências, tanto no universo virtual quanto no mundo físico.

A verdade é que precisamos da tecnologia para levar o conhecimento mais longe, mas principalmente, precisamos de mais pessoas com conhecimento para construir um futuro melhor para todos.