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Carla Araújo

Ao enterrar Renda Brasil e falar em cartão vermelho, Bolsonaro frita Guedes

Do UOL, em Brasília

15/09/2020 10h43Atualizada em 15/09/2020 12h31

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Ao dizer nesta terça-feira que até 2022 está "proibido falar a palavra Renda Brasil", o presidente Jair Bolsonaro volta a colocar pressão na equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes. Essa não é a primeira vez que Bolsonaro desautoriza o seu Posto Ipiranga por causa do programa que estava sendo elaborado para substituir o Bolsa Família.

Hoje, em vídeo publicado nas suas redes sociais, o presidente comentou as manchetes dos jornais, que traziam notícias de que a aposentadoria poderia ser congelada para compor o Renda Brasil e que o governo poderia cortar R$ 10 bilhões em benefícios para deficientes e idosos.

Antes de publicar o vídeo, Bolsonaro chamou Guedes no Palácio do Planalto para reclamar das notícias que informavam algumas das alternativas estudadas para compor o Renda Brasil.

"Quem porventura venha propor para mim uma medida como essa só posso dar um cartão vermelho", disse o presidente no vídeo.

O vídeo caiu mal na equipe do ministro da economia.

Apesar de não ter citado nominalmente nem Guedes e nem um membro de sua equipe, as ideias criticadas pelo presidente foram dadas publicamente pelo secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues.

Em entrevista ao G1, o secretário afirmou que a equipe econômica defendia que benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões, sejam desvinculadas do salário mínimo. Hoje cedo, Waldery não compareceu a uma coletiva na qual era esperado e há rumores de que ele possa ser demitido.

Desânimo na Economia

Apesar de o programa Renda Brasil estar sendo elaborado também pela equipe de Onyx Lorenzoni (Cidadania), era Guedes a espécie de 'garoto-propaganda' do programa que deveria substituir o Bolsa Família. Justamente por isso, segundo uma fonte da economia, o desânimo foi automático nesta manhã.

Auxiliares de Guedes admitem o mal-estar causado pela bronca pública do presidente, mas ponderam que não havia nada fechado ainda. "Eram apenas propostas que não tinham sido avaliadas pelo presidente", dizem.

Agora mais do que avaliadas, as propostas estão vetadas.

Na melhor das hipóteses os estudos para buscar soluções para as contas públicas terão que recomeçar do zero. Mas, como alerta uma fonte, "não há mágica".

No Planalto, o puxão de orelha em Guedes teve respaldo, mas está sendo minimizado por auxiliares do presidente que dizem que ainda não é momento de falar em demissão de Guedes.

Um interlocutor direto do presidente disse que a divergência é contra a política econômica, mas que ainda há respeito com a figura de Guedes. Segundo esse auxiliar, Bolsonaro não pretende demitir Guedes. Agora, resta saber até quando o ministro vai aguentar ver sua agenda esvaziada e se há combustível no Posto Ipiranga para chegar a 2022.