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Carla Araújo

Veto de Bolsonaro foi a Guedes, e não a um novo programa social

07.set.2020 - Presidente Jair Bolsonaro em desfile no rolls royce com crianças sem máscaras - Cláudio Reis/FramePhoto/Estadão Conteúdo
07.set.2020 - Presidente Jair Bolsonaro em desfile no rolls royce com crianças sem máscaras Imagem: Cláudio Reis/FramePhoto/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

16/09/2020 14h27Atualizada em 16/09/2020 15h05

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O "aval" dado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao relator do Orçamento de 2021, senador Márcio Bittar (MDB-AC), para criar um novo programa social do governo reforça a justificativa do ministro da Economia, Paulo Guedes, em suas últimas derrotas: quem manda é a política.

Bolsonaro, que está cada vez mais preocupado com a reeleição, sepultou o Renda Brasil de Guedes, mas não deixou de lado a intenção de buscar uma marca social do seu governo.

Se conseguir fazer isso alinhado com o Congresso suas chances de ser bem-sucedido tendem a aumentar. Afinal, todo político quer poder usar em seu palanque o mérito de ter votado a favor de um programa que visa as classes menos favorecidas e que, em última instância, resulta em votos.

O presidente já havia mandado desidratar a reforma administrativa para evitar problemas com a eleição municipal.

Agora, esvazia ainda mais o poder de Guedes - que já não possui interlocução com o Congresso - e passa a debater com os parlamentares alternativas para manter a popularidade conquistada por conta do auxílio emergencial.

Essa não é primeira demonstração de que o presidente pretende jogar cada vez mais no time do Congresso e que o Posto-Ipiranga tem cada vez menos combustível em seu governo.

De forma inédita, ao vetar o perdão das dívidas das igrejas, o presidente foi às redes sociais e disse que se fosse parlamentar derrubaria sua própria assinatura.

O veto atendeu a um apelo de Guedes, mas a orientação de derrubada do mesmo atende ao presidente-candidato.

O cartão-vermelho dado ontem pelo presidente ao Renda Brasil de Guedes pode até não ter sido dirigido diretamente ao ministro, mas está cada vez mais claro de que lado Bolsonaro está jogando.

A proposta de Orçamento, depois de redigida inicialmente pelo Executivo, é moldada pelo Congresso em um trabalho que cabe principalmente ao relator. Pode até haver uma conversa política entre os Poderes para negociar alterações mais significativas, mas o presidente não precisar "autorizar" tais discussões. A rigor, ao chefe do Executivo cabe vetar ou sancionar a proposta aprovada pelo Congresso.