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Carla Araújo

Apesar da pressão, Bolsonaro não pretende demitir Ernesto Araújo

4.mai.2020 - O chanceler basileiro, Ernesto Araujo, e o presidente Jair Bolsonaro - Ueslei Marcelino/Reuters
4.mai.2020 - O chanceler basileiro, Ernesto Araujo, e o presidente Jair Bolsonaro Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Do UOL, em Brasília

16/12/2020 10h55

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O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, é apontado por membros do primeiro escalão do governo, desde que assumiu a pasta no início do mandato de Jair Bolsonaro, como um "equívoco" do presidente.

Com a vitória de Joe Biden, que o presidente finalmente teve que reconhecer nesta semana, alguns auxiliares acharam por bem alertar Bolsonaro de que seria necessária uma mudança nas relações diplomáticas. Acreditavam que iriam convencer o presidente.

Bolsonaro, entretanto, segundo auxiliares próximos, tem reforçado que pretende manter o chanceler no cargo. Ligado à ala ideológica, Ernesto é próximo dos filhos do presidente e permitiu, inclusive, que o deputado Eduardo Bolsonaro ocupasse seu espaço de ministro em algumas agendas internacionais, como a primeira visita de Bolsonaro a Trump.

Conforme mostrou o colunista Jamil Chade, na noite desta terça-feira a derrota contra a indicação do embaixador Fábio Marzano para chefiar a missão do Brasil na ONU foi interpretada por embaixadores e diplomatas como um recado direto contra o chanceler Ernesto Araújo.

Nesta quarta-feira, no entanto, dois ministros disseram à coluna que "Ernesto fica" e que o presidente não pretende mexer no Itamaraty "mesmo com a pressão".

Outro auxiliar direto do presidente lembrou ainda que a recente saída do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, expôs de forma negativa a tentativa do governo de usar pastas para negociações com o Congresso e que o presidente quer adotar a postura de cautela em qualquer mudança na Esplanada.

A exemplo do que aconteceu com o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, que deixou o ministério mas conseguiu um cargo no Banco Mundial, auxiliares lembram ainda que uma eventual saída de Ernesto teria que ser de forma amigável e com algum cargo "de consolação" que passasse a impressão de prestígio.

Nas palavras de um ministro, "não se brinca com a ala ideológica" e qualquer um que saia "tem que cair para cima".

Justamente por isso, salientam auxiliares, por ora, o cargo do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também está seguro. O presidente chegou a avaliar a transferência de Salles para o Turismo, mas a avaliação no momento é que não é bom mexer com o ministro, que também possui a simpatia da ala ideológica.

Sondagem a Temer

Há algumas semanas membros do governo chegaram a consultar informalmente o ex-presidente Michel Temer sobre sua disposição para assumir o Ministério das Relações Exteriores. Segundo fontes, o ex-presidente recusou a ideia e afirmou que não estaria disposto a integrar o governo formalmente.

A sondagem a Temer foi capitaneada pela ala militar e enfrentou resistência e críticas da família do presidente, que trabalha pela manutenção de Ernesto.

Bolsonaro também teria rechaçado a ideia. Na avaliação do presidente, Temer no Itamaraty reduziria sua influência na pasta, já que o atual ministro é conhecido por acatar todas as ordens de Bolsonaro. Mais uma razão para o presidente continuar batendo na tecla de que "quem manda sou eu".