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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Bolsonaro reclama de ritmo da equipe de Guedes e ameaça mais demissões

8.fev.2021 - O ministro da Economia, Paulo Guedes, após reunião com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
8.fev.2021 - O ministro da Economia, Paulo Guedes, após reunião com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

23/02/2021 10h54

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O silêncio do ministro Paulo Guedes (Economia) no caso envolvendo a saída de Roberto Castello Branco do comando da Petrobras, que derreteu as ações da empresa, também pode ser compreendido pelo fato de que o Posto-Ipiranga não quer sofrer novas baixas.

No Palácio do Planalto, começou a circular como uma possível baixa na equipe de Guedes o nome do secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues.

Em setembro do ano passado, Bolsonaro chegou a dar "cartão-vermelho" quando o secretário anunciou propostas que previam restrições em benefícios sociais. Na ocasião, o presidente ficou extremamente irritado com o auxiliar de Guedes.

O ministro, porém, conseguiu reverter e abafar o desconforto do presidente.

Agora, segundo auxiliares do presidente, a irritação de Bolsonaro está na demora da equipe econômica em apresentar soluções para promessas do presidente, como zerar o imposto federal sobre o Diesel. Até mesmo a conta sobre o valor final do auxílio emergencial não consegue ser fechada.

Justamente, por isso, Bolsonaro voltou a dizer que "o pessoal do Guedes" precisa ser mais ágil para atender aos desejos do governo.

Além de Waldery, outro integrante da equipe de Guedes que está na mira de Bolsonaro é o secretário de Orçamento Federal, George Soares, que tem sido resistente a mudanças que signifiquem manobras fiscais.

Aviso prévio?

Além de baixas entre os secretários de Guedes, no Palácio do Planalto também já é dado como certo que o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, será um dos próximos a deixar o governo. A questão não é mais "se" isso vai acontecer e sim "quando".

Castello Branco e Brandão foram nomes escolhidos por Guedes para compor o governo. A saída dos dois é um golpe na já tão sofrida agenda liberal do ministro da Economia, que tem sido sacrificada em meio a uma dura e difícil crise de saúde pública: a pandemia.

Guedes e outros auxiliares do presidente Jair Bolsonaro tentam sensibilizar o presidente de que novas mudanças não seriam prudentes diante da turbulência do mercado. Pedem ao presidente cautela em novas mudanças. Enquanto isso, Bolsonaro continua com ameaças públicas e diz que "semana que vem teremos mais".

A questão é que da mesma forma que Castello Branco irritou Bolsonaro, Brandão também não está entre os queridinhos. Pelo contrário, o anúncio de uma reformulação no banco fez o presidente demonstrar seu desconforto com o executivo a ponto de "pedir sua cabeça".

Na ocasião, Guedes conseguiu segurar a demissão. Agora, até mesmo no ministério da Economia, já há quem admita que vai ser difícil manter Brandão por muito tempo.

Ex-subordinados

As críticas a dificuldade de Guedes impor sua agenda têm encontrado eco em antigos secretários, que deixaram o governo.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo neste final de semana, o ex-secretário de Desestatização e Privatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, criticou a interferência na Petrobras e afirmou que Guedes "foi vencido".

"O ministro Guedes é resiliente, obstinado e determinado, mas não percebeu que foi vencido", disse Mattar.

Já em entrevista à Folha, o ex-secretário de Desburocratização, Paulo Uebel, disse que aqueles que votaram em Bolsonaro "porque a agenda liberal era um dos pilares do programa de governo estão preocupados que essa agenda esteja sendo abandonada".