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Guedes é resiliente, mas foi vencido, diz ex-secretário de Bolsonaro

Salim Mattar, ex-secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia - Antonio Cruz/Agência Brasil
Salim Mattar, ex-secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil

Do UOL, em Brasília

21/02/2021 10h54

O ex-secretário de Desestatização e Privatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, criticou a indicação de troca do comando da Petrobras feita por Jair Bolsonaro (sem partido). Defensor das privatizações, Mattar afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é resiliente, mas não percebeu que foi vencido.

"O ministro Guedes é resiliente, obstinado e determinado, mas não percebeu que foi vencido", disse Mattar em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada neste domingo (21).

Mattar citou como exemplo a privatização da Eletrobrás, defendida por Guedes e que está em tramitação no Congresso, mas sem previsão de ser aprovada.

"Tem a Casa da Moeda, que eu tentei privatizar e o Congresso disse não por considerá-la estratégica. Mas ela é uma gráfica. O pior é que daqui três ou quatro anos vamos vender as máquinas de fazer notas e moedas a quilo em ferro velho porque não vai ter mais valor. Essas pessoas que falam que é estratégico são cegas e não conseguem entender que moeda e papel moeda vão desaparecer em pouco tempo. A China, desde maio do ano passado, só paga os servidores em moeda digital, princípio que outros países vão adotar", declarou.

Bolsonaro pediu a troca do comando da Petrobras na última sexta-feira (19), a decisão precisa ser votada no conselho da estatal. No lugar do atual presidente Roberto Castello Branco, Bolsonaro indicou o general Joaquim Silva e Luna.

Sobre a troca do comando, o ex-secretário considerou uma "truculência" por parte do governo. Ele disse que torce para que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e investidores abram ações na Justiça, processem conselheiros e o controlador pela interferência na estatal.

Salim Mattar passou 19 meses no governo e deixou o posto em agosto do ano passado. Quando pediu demissão, criticou o ritmo lento de privatizações do governo.

Ele entende que o combustível brasileiro tem carga elevada e a Petrobras "paga o pato" por isso.

"No passado os governos acharam uma forma fácil de conseguir mais impostos, taxaram o combustível e isso precisa ficar mais transparente para a sociedade. A origem do problema é o gigantismo do Estado, que como consequência gerou o aumento da carga tributária que onerou o diesel e que prejudicou o caminhoneiro. A carga tributária tem de ser muito elevada para pagar os 12 milhões de funcionários públicos", afirmou.

Para Mattar, Castello Branco tem bom desempenho na Petrobras, ele considerou que o presidente estava reduzindo o quadro de colaboradores de forma "pacífica e serena" e fez uma revisão do portfólio de investimentos.