Bolsonaro nega interferência na Petrobras um dia após indicar presidente
Após indicar o general Joaquim Silva e Luna para o comando da Petrobras no lugar de Roberto Castello Branco, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse na tarde de hoje que não houve qualquer interferência na empresa. A fala ocorreu logo depois de evento militar realizado em Campinas (SP).
"Vocês, que estão acompanhando aí, sei que não é fácil, mas vamos buscar soluções, Não vai faltar para nós coragem para decidirmos. Não houve qualquer interferência na Petrobras, tanto é que continua esse reajuste de 15% [dos combustíveis, anunciada nessa semana]. Você quem diz se é [um reajuste] abusivo ou não", disse Bolsonaro. (Assista ao vídeo, na íntegra, abaixo)
"Espero que até o dia 20 [de março], quando vai de vez sair o atual presidente, ele não vai dar mais um percentual de reajuste no diesel e na gasolina. Então, o que aconteceu até agora, para mim, já faz parte do passado. O novo presidente da Petrobras, caso aprovado pelo conselho, vai dar uma nova dinâmica [à empresa]. Vai dar transparência e previsibilidade. Não adianta a imprensa falar que houve a minha interferência, assim como na Polícia Federal, que não acharam nada. Tudo é um jogo político, de poder, para desgastar", completou.
Segundo Bolsonaro, a formação de preço dos combustíveis no País é uma "caixa preta".
No vídeo, Bolsonaro critica ainda o fato do atual presidente e toda a diretoria da estatal estarem desde março do ano passado trabalhando remotamente devido à pandemia da covid-19. "Não dá para governar... estar à frente de uma estatal dessa forma. Coisas erradas acontecem", avaliou.
Em post publicado em suas redes sociais, ontem, Bolsonaro comunicou a indicação do general Joaquim Silva e Luna para substituir o atual presidente da empresa, Roberto Castello Branco, confirmando assim os rumores de mercado.
A escolha do governo, porém, precisa ser aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras, e a companhia informou, após o anúncio feito por Bolsonaro, que o mandato de Castello Branco se encerra no dia 20 de março.
Silva e Luna era diretor-geral da Itaipu Binacional e já foi ministro da Defesa durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), em 2018. Após o anúncio de Bolsonaro, a Itaipu já divulgou o nome do novo diretor-geral.
"O governo decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para cumprir uma nova missão, como conselheiro de administração e presidente da Petrobras, após o encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente, senhor Roberto Castello Branco", afirmou Bolsonaro no Facebook.
A agência de notícias Reuters informou que a diretoria executiva da Petrobras está considerando uma renúncia coletiva após o anúncio feito por Bolsonaro.
Petrobras se manifesta
Depois da indicação de Bolsonaro, a Petrobras emitiu uma nota à imprensa, na qual esclarece que o mandato do presidente Castello Branco e de demais diretores executivos da empresa se encerra no dia 20 de março.
A companhia informa que "recebeu ofício do Ministério das Minas e Energia, solicitando providências a fim de convocar Assembleia Geral Extraordinária, com o objetivo de promover a substituição e eleição de membro do Conselho de Administração, e indicando Joaquim Silva e Luna, em substituição a Roberto da Cunha Castello Branco".
"Ademais, a União propõe, em função da última Assembleia Geral Ordinária ter adotado o voto múltiplo, que todos os membros do Conselho de Administração sejam, imediatamente, reconduzidos na própria Assembleia Geral Extraordinária, para cumprimento do restante dos respectivos mandatos", acrescenta a nota.
Ações da Petrobras despencam
Antes mesmo da indicação do novo presidente da Petrobras, as ações da empresa despencaram na Bolsa. Os papéis preferenciais da estatal, que são os mais negociados, caíram 6,63% na sexta-feira, enquanto as ações ordinárias da Petrobras, com direito a voto, tiveram perda de 7,92%.
Porém, a Bolsa fechou a sessão pouco mais de uma hora antes da indicação de Luna e Silva para comandar a Petrobras.
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