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Caixa Tem dará crédito a quem pegava com agiota, diz presidente da Caixa
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O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou que a nova linha de crédito pessoal do banco, lançada nesta segunda-feira (27), tem como principal objetivo bancarizar pessoas que não possuem comprovação de renda, como emprego formal de carteira assinada, e quebrar um ciclo vicioso de pagar mais caro pelo crédito.
"É difícil um banco emprestar para quem não tem comprovação de renda e normalmente essas pessoas acabam tomando emprestado em financeiras, agiotas e outros que cobram taxas de juros de 15% ao mês, de 20% ao mês. O diferencial deste produto é que vai bancarizar de fato as pessoas", disse, em entrevista à coluna.
Questionado se há preocupação com o eventual endividamento das pessoas, Guimarães afirmou que a análise que será feita para conceder o empréstimo levará em conta o risco de inadimplência. "Não queremos emprestar e a pessoa não ter capacidade para pagar", disse.
Apesar disso, Guimarães defende que o público que está no foco da nova linha de crédito já pegava dinheiro, era "altamente penalizado com juros abusivos" e que isso sim leva ao superendividamento.
"Essas pessoas já tomam dinheiro hoje, mas pagam juros abusivos. A Caixa quer quebrar esse círculo vicioso de crédito a juros abusivos", disse o presidente.
Modificações no programa
Guimarães afirmou ainda que a intenção do banco é poder, inclusive, baixar mais a taxa anunciada - de 3,99% ao mês - nos próximos meses e ampliar o valor limite do empréstimo, que hoje é de R$ 1 mil.
"Calibramos uma taxa de crédito que, na nossa visão, vai ser suficiente para o cliente pagar, para dar rentabilidade e acreditamos numa taxa de inadimplência que não vai ser alta", afirmou.
Segundo o presidente da Caixa, o aplicativo Caixa Tem passou por 22 ajustes em um período de dois meses depois que foi lançado. O mesmo, segundo ele, deve acontecer com essa linha de crédito anunciada hoje.
"Essa linha sofrerá ajustes ao longo dos próximos meses e anos. Se as pessoas estiverem conseguindo pagar podemos aumentar o valor do crédito e reduzir os juros. As pessoas poderão pagar menos e pegar mais dinheiro emprestado", disse.
Até R$ 10 bilhões em quatro meses
Guimarães afirmou que, apesar de o público-alvo da medida contemplar os mais de 100 milhões, a estimativa inicial é que entre 20 milhões e 30 milhões de pessoas contratem o empréstimo. Ele disse ainda que em três ou quatro meses a linha terá cerca de R$ 10 bilhões para serem emprestados.
"E isso é apenas 1% da nossa carteira de crédito. Temos mais de R$ 800 bilhões de carteira de crédito", disse.
Segundo ele, esses 20 milhões a 30 milhões de pessoas que devem pegar o crédito pessoal serão potenciais novos clientes da Caixa nos próximos anos. "Eu não vejo a Caixa competindo pelos clientes da Faria Lima, deixa para os bancos privados", disse. "Quem é o cliente que vejo que tenho mais chance de competir, as pessoas mais carentes", completou.
Bolsa família e auxílio
O presidente da Caixa afirmou que a decisão de deixar os beneficiários do Bolsa Família de fora do programa levou em conta o fato de que essa população não teria condições de pagar o empréstimo.
Já em relação aos beneficiários do auxílio, Guimarães afirmou que boa parte dos que recebem o auxílio atualmente são integrantes do Bolsa Família, ou seja, também não terão acesso ao crédito. Mas que há nessa parcela da população algumas pessoas que tem renda, mesmo que informal, e que podem conseguir obter o empréstimo.
Segundo ele, a ideia de ofertar o crédito conforme a data de nascimento e dar um prazo de dez dias para análise foi justamente para tentar evitar que os beneficiários do auxílio confundissem o produto com o benefício.
"Como estamos oferecendo o crédito por mês de nascimento, a maior parte das pessoas só poderão pegar o crédito a partir de novembro e nós já temos uma sinalização de que a última parcela do auxílio já terá sido paga", disse.
Questionado se não há o risco de o programa ser estendido, como defendem alguns auxiliares do presidente Jair Bolsonaro, Guimarães afirmou que a continuidade do benefício pode fazer parte da análise de risco do cliente. "A grande vantagem é que a gente faz o pagamento do auxílio, mas o que temos que ter em mente é que estamos fazendo uma coisa que nunca foi feita e ela tem que ser feita de forma equilibrada. Será feita passo a passo", afirmou.
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