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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Ciro Nogueira 'esconde' Bolsonaro ao lançar candidato no Piauí

Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), foi a Teresina no sábado (5) para lançar Silvio Mendes (PSDB) como pré-candidato a governador do Piauí - Reprodução/TV Piauí
Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), foi a Teresina no sábado (5) para lançar Silvio Mendes (PSDB) como pré-candidato a governador do Piauí Imagem: Reprodução/TV Piauí

Do UOL, em Brasília

07/02/2022 19h28

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Um dos principais articuladores da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), foi a Teresina no último sábado (5) para lançar Silvio Mendes (PSDB) como pré-candidato ao governo do estado e preferiu deixar o cargo que ocupa no Palácio do Planalto de fora.

No evento, que aconteceu em um clube da capital do Piauí, o ministro fez diversas falas e o presidente Bolsonaro 'foi esquecido' pelo ministro.

Quando Nogueira, que é um dos caciques do centrão, decidiu assumir o cargo no governo Bolsonaro já se sabia que a aliança teria impacto em sua base eleitoral, já que o Piauí é governado há anos pelo PT.

Ciro, que já foi aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem dado declarações públicas de que o petista mudou e que hoje não conta mais com o seu apoio. Apesar disso, 'esconder' Bolsonaro no Piauí faz parte de sua estratégia de tentar não deixar a campanha nacional contaminar a estadual. Segundo auxiliares, o ministro quer focar os debates eleitorais nos "problemas do estado e não nos desafios do país".

Mendes, que deve deixar o PSDB para concorrer ao cargo, terá como companheira de chapa a deputada Iracema Portella (PP-PI), que é esposa de Nogueira.

Em um dos trechos de seu discurso, Nogueira criticou outro antigo aliado, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) e o chamou de "traidor" e "leviano" por conta de acusações de que o ministro teria barrado recursos para Teresina. "Foi uma facada pelas costas do senador Marcelo Castro", disse. "A história nunca perdoa um traidor", completou.

'É vergonha?', questiona vice-prefeito

Em entrevista à uma emissora local, o vice-prefeito de Teresina, Robert Rios (PSB), chamou de traição o fato de Ciro não ter citado Bolsonaro no evento de sábado. "Se eu fosse o principal ministro de um presidente da República eu não teria vergonha do meu presidente não. Estaria aqui defendendo ele. Eu acho uma traição que se faz ao presidente", disse.

"Como que está lá prestigiado, é o ministro principal do presidente Bolsonaro, aí faz uma reunião daquela, lança um candidato, e não se vê um cartaz com nome Bolsonaro, não se vê uma placa, ninguém citou. Como sou ministro e tenho vergonha do presidente?", questionou.

Exaltação ao Obama

Apesar de deixar o presidente Bolsonaro de fora de seu palanque, Nogueira fez referência a outro presidente: Barack Obama, que governou os Estados Unidos de 2009 a 2017.

Ao falar do pré-candidato do partido ao Senado, o prefeito Joel Rodrigues, Nogueira disse que muitos o chamam de "Obama do Piauí". "E eu sou um admirador da história de vida do presidente Obama", disse o ministro, sugerindo inclusive o uso do famoso bordão do norte-americano: "Yes, you can".

"Obama tinha no lema que foi decisivo para sua campanha: 'nós podemos'. E nós podemos. Nós podemos ter deputados corajosos, podemos ter um senador que coloque os interesses do Piauí acima de tudo", afirmou o ministro.