Ações da Petrobras caem quase 2% e derrubam Bovespa

A preparação dos investidores para o início dos negócios com as novas ações da Petrobras pressionou o mercado nesta sexta-feira (24), mantendo a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) em baixa apesar da forte subida das Bolsas nos Estados Unidos.

O Ibovespa (principal índice da Bolsa paulista) fechou em queda de 0,87%, aos 68.196,48 pontos. Apesar da queda no dia, o índice encerrou a semana com alta de 1,65%. Esta foi a quarta semana seguida de ganhos na Bolsa, sequência que não ocorria desde novembro de 2009. O giro financeiro do pregão foi de R$ 11,04 bilhões, o maior desde junho.

As ações preferenciais (PETR4) -que possuem preferência na hora de receber dividendos, mas não têm voto- recuaram 1,87%, a R$ 26,30. As ações ordinárias (PETR3) -que dão direito a voto, caíram 1,98%, cotada a R$ 29,65.

A cotação do dólar comercial fechou em queda de 0,52%, a R$ 1,711 na venda. No acumulado da semana, a desvalorização da moeda foi de 0,47%.

De acordo com profissionais de mercado ouvidos pela agência de notícia Reuters, a procura na oferta de ações da estatal foi menor do que o esperado, e por isso não houve o rateio que se temia em muitas casas.

“Como a demanda não excedeu tanto a oferta, o pessoal que comprou ontem resolveu devolver um pouco”, disse Marcos Frange, operador de renda variável da corretora Hencorp Commcor.

A oferta de ações da Petrobras também foi a razão indireta para a queda de várias outras ações. De acordo com Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros, investidores que participaram da capitalização da estatal venderam outros papéis para fazer caixa a tempo da liquidação da operação, na próxima quarta-feira.

Entre as empresas que mais sofreram está a BM&FBovespa (BVMF3), em queda de 4,77%, a R$ 14,19, após ter acumulado alta superior a 16% no mês até quinta-feira.

“Hoje está tendo muito mais fluxo, deslocamento de caixa de ativos para compra da Petrobras, do que efetivamente notícias”, disse Carlos Nielebock, operador da corretora Icap, à Reuters.

A siderúrgica Gerdau (GGBR4), com o terceiro maior volume do pregão, também caiu com força: 4,64%, a R$ 22,61. Em relatório, os analistas Marcos Assumpção e Alexandre Miguel reduziram a recomendação para a empresa a "market perform" (desempenho em linha com a média de mercado) e o preço-alvo de R$ 36 para R$ 33.

”Três fatores principais justificam a redução na recomendação: expectativa de resultados piores no terceiro trimestre, pouco espaço para melhora no quarto trimestre e redução de estimativas para 2011”, afirmaram.

Na ponta de cima, para aliviar a queda do Ibovespa, destacou-se a Vale, com alta de 2,83% das ações preferenciais (VALE5), a R$ 44,66, e de 3,44% das ordinárias (VALE3), a R$ 50,83.

A mineradora anunciou na quinta-feira (23), após o fechamento do pregão, a recompra de até US$ 2 bilhões em ações e a aprovação pelo Conselho da listagem na Bolsa de Hong Kong.

Bolsas internacionais

Em Nova York, os índices Standard & Poor's 500 e Dow Jones subiram 2,12% e 1,86%, respectivamente. O mercado norte-americano recebeu bem o aumento de 2% das encomendas de bens duráveis em agosto, excluindo o setor de transportes.

As ações europeias reverteram as baixas do início do dia e tiveram um rali no final da sessão, impulsionadas por dados melhores que as expectativas da economia norte-americana, pondo fim a uma sequência de três dias seguidos.

As principais Bolsas asiáticas fecharam sem rumo comum nesta sexta-feira, ainda que o índice da região tenha registrado leve alta.

(Com informações da Reuters)