Dólar cai 0,2%, para R$ 5,5083, após presidente do BC descartar intervenção

Após ter atingido na véspera o maior valor em dois anos e meio, o dólar fechou a quinta-feira (27) em leve baixa ante o real, mas acima dos R$ 5,50. O mercado ficou aliviado porque o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou que a instituição não vai intervir no câmbio em função do nível das cotações.

No início do dia o BC divulgou seu Relatório de Inflação, que atualizou algumas projeções econômicas e abordou assuntos específicos ligados à política monetária. Entre os destaques, o BC elevou de 1,9% para 2,3% a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2024 — ainda abaixo dos 2,5% estimados pelo Ministério da Fazenda.

Além disso, alterou de US$ 48 bilhões para US$ 53 bilhões o déficit em transações correntes estimado para 2024 e reduziu de 70 bilhões para US$ 65 bilhões a projeção de investimentos diretos no país.

No fim da manhã, Campos Neto e o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, concederam entrevista coletiva em São Paulo. Nela, Campos Neto pontuou que a alta da Selic, atualmente em 10,50% ao ano, não está no cenário base do BC.

Campos Neto também afirmou que a desvalorização recente do real está em linha com os prêmios de risco do Brasil. Ele também descartou a possibilidade de o BC atuar no mercado em função do nível do dólar.

"Como a gente trata o câmbio como flutuante, entendemos que a atuação tem que ser causada por alguma disfuncionalidade pontual, não fazemos intervenção mirando nenhum tipo de nível", disse. "A gente acredita no princípio da separação entre política monetária e câmbio", acrescentou Campos Neto.

O viés negativo do dólar no exterior favoreceu algum ajuste de baixa também no Brasil, embora a moeda norte-americana tenha oscilado no território positivo em boa parte da sessão, em meio à percepção de aumento do risco fiscal.

"Há um nítido movimento defensivo do investidor estrangeiro preocupado com o destino das contas públicas. Mesmo com movimentos pontuais de realização, a cotação não está cedendo", comentou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo.

*Com agências de notícias

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