O que são debêntures? Entenda quando vale a pena investir
Muitos interessados na renda fixa veem o Tesouro Direto ou CDBs como as primeiras opções de investimento. Mas há outras modalidades tão ou mais interessantes, a exemplo das debêntures. Nela, o investidor empresta seu capital a empresas para projetos de infraestrutura, como concessões rodoviárias, projetos de energia ou de saneamento e recebe o dinheiro acrescido de juros no futuro. Mas quais os riscos? Vale de fato investir?
Como funcionam as debêntures?
Título de dívida. Ao investir em uma debênture, o investidor aloca seu capital em projetos de empresas por um determinado período e recebe o montante mais juros na data de vencimento. Enquanto no Tesouro Direto essa espécie de empréstimo é junto ao governo federal, visando o financiamento de investimentos em infraestrutura ou o pagamento da dívida pública, a debênture é um título que representa a dívida de determinada empresa e é emitido por um banco.
Dinheiro pode ser utilizado em diferentes iniciativas. A companhia pode empregar o capital captado em debêntures para financiar seus projetos, expandir negócios, construir uma fábrica, comprar um concorrente ou até mesmo refinanciar suas dívidas, diz Jonathan Caye, sócio e head de renda fixa da Nippur Finance.
Retorno tem taxa definida na hora da compra. Na emissão desses títulos, é bastante comum as empresas informarem qual será o prêmio pago ao investidor na data de vencimento. Essa remuneração pode ser prefixada, pós-fixada (atrelada ao CDI) ou mesmo seguir a inflação (IPCA+). Para saber se aquela é ou não uma boa iniciativa, Caye recomenda comparar o retorno com demais títulos de renda fixa conhecidos, como CDBs (Certificado de Depósito Bancário), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio).
Valor mínimo costuma ser próximo a R$ 1.000. Essa quantia equivale a, basicamente, o preço unitário do papel. No entanto, o sócio da Astra Capital, Guilherme Suzuki, afirma que podem existir emissões com valores menores ou maiores —isso varia conforme a oferta e a empresa que está emitindo o título, segundo ele.
Quais os benefícios? E os riscos?
Existem debêntures com e sem a cobrança de IR. Por um lado, as debêntures incentivadas são isentas tanto de IR como de IOF. Elas são consideradas especiais por estarem ligadas a grandes projetos de infraestrutura, como rodovias e aeroportos. Por outro lado, as debêntures de infraestrutura, sancionada em janeiro deste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), têm um instrumento de incentivo diferente. Sem isenção de IR para a pessoa física, a modalidade permite que as empresas emissoras deduzam de seu lucro líquido os juros pagos aos investidores e que elas excluam 30% dos juros pagos da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).
Atenção com a liquidez. Nem sempre é possível vender o título e receber o dinheiro antes do vencimento. Em algumas situações, o capital só estará disponível na data de vencimento do investimento. Essa é uma das principais regras a serem observadas de perto antes da tomada de decisão.
Risco de crédito. Um dos riscos que o investidor precisa estar atento é o de crédito, o que reflete a capacidade de pagamento da empresa, diz Suzuki. As debêntures possuem notas de crédito, sendo o "AAA" o mais seguro delas. "Ou seja, o investidor deve investigar bem a empresa antes de investir, para saber se há chance de ela ficar inadimplente em algum momento", afirma ele.
Debêntures não têm cobertura do FGC. Diferente de CDBs, letras de crédito ou títulos do Tesouro Direto, as debêntures não são cobertas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O instrumento garante até R$ 250 mil por instituição financeira, chegando a R$ 1 milhão por CPF ou CNPJ, em caso de algum problema com o emissor.
Para qual perfil de investidor é mais indicado?
Debêntures podem ser escolha mesmo para investidores conservadores. É uma opção mesmo para quem busca retornos mais interessantes em comparação com títulos públicos federais ou CDB, diz Suzuki, da Astra Capital. Por outro lado, Caye, da Nippur Finance, diz que, como há títulos de curto prazo e bons emissores disponíveis no mercado, é possível negociar os investimentos no chamado mercado secundário —quando um investidor repassa o título a outra pessoa física interessada. E que dado o curto prazo até o vencimento do título e sendo de um bom emissor, faz sentido ter um pequeno percentual, mesmo para aquele de perfil conservador.
High yield é alternativa para perfis mais arrojados. Para os investidores que buscam um retorno maior, os títulos classificados como "high yield" podem ser uma escolha. Mas é necessário cuidado, uma vez que eles são emitidos por empresas com maior risco de inadimplência, diz Caye.
Acredito que as debêntures são mais indicadas para investidores com perfil mais moderado ou agressivo. Para aqueles que, em tese, buscam retornos mais atrativos em comparação a produtos mais conservadores, como títulos públicos federais ou até mesmo CDBs.
Guilherme Suzuki, sócio da Astra Capital
Quando observamos o mercado financeiro, as debêntures são bastante democráticas, com investimentos a partir de R$ 1.000. Então, o acesso pode ser feito por qualquer investidor, do conservador até o mais agressivo.
Jonathan Caye, sócio e head de renda fixa da Nippur Finance
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