Eles tiveram licença-paternidade de 1 mês e contam como foi cuidar do bebê
No início do mês, o Twitter anunciou que vai aumentar a licença-paternidade para 20 semanas (cinco meses), muito mais do que o estabelecido pela lei brasileira, que é de cinco dias para todos e, em alguns casos, poderá chegar a 20 dias.
O gigante das redes sociais, porém, não está sozinho na iniciativa. Outras empresas já adotaram a medida, com durações diferentes.
Leia a seguir depoimentos de pais que tiveram pelo menos um mês com seus bebês.
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Resultado parcial
Total de 5073 votos40 dias de licença
Fábio Artoni, 35, é gerente de Perfumaria da Natura, empresa de cosméticos que adotou recentemente licença de 40 dias para os pais. Quando ele soube da nova política, faltavam três semanas para sua terceira filha, Liz, nascer. Ele já teve direito ao benefício.
Quando sua primeira filha nasceu, Artoni se planejou e tirou 20 dias de férias. A segunda, porém, nasceu prematura, e ele não conseguiu se programar. Teve apenas cinco dias de licença. "Passamos três dias no hospital e, nos outros dois dias, não deu tempo nem para desfazer a mala", relembra.
Para ele, ter 40 dias de licença é diferente de tirar dias de férias para ficar mais tempo ao lado do bebê. "No psicológico é totalmente diferente. Primeiro, pelo apoio institucional da empresa. Segundo, por ter ainda o período de férias preservado", afirma.
Dessa vez ele optou por guardar as férias para o fim do ano, quando as duas filhas mais velhas estarão de férias.
'Não é para ser marido legal'
Uma das vantagens da licença-paternidade mais longa, segundo Artoni, é poder dividir as tarefas com a mulher.
"[A licença] é uma sinalização de que dividir os trabalhos da casa não é para ser um marido legal, mas para realmente ser um pai", afirma.
Tenho lutado muito contra a palavra 'ajudar' em casa. Ela pressupõe que o trabalho era dela [mulher] e por um período específico eu estou fazendo. A realidade não é essa.
Para Artoni, a licença estendida tem, ainda, outra vantagem: construir uma relação mais próxima com o bebê em seus primeiros dias de vida. "É uma parte gostosa. Tem toda a construção de relação, de toque, de criar vínculo, de conseguir entender um pouco as reclamações e necessidades do bebê e da casa."
Serviço pesado para um só
Pedro Cardoso, 37, pôde aproveitar 30 dias de licença-paternidade entre maio e junho. Ele é gerente de Novos Negócios da marca de roupas Reserva, que desde janeiro oferece o benefício estendido.
Pai de primeira viagem, ele diz que, após cinco dias do nascimento, começou a perceber a importância dos dias a mais de licença. "Estar em casa permitiu um ganho de felicidade."
Outra vantagem, diz, foi não precisar contratar uma pessoa para ajudar nas tarefas.
Ficou um momento nós três: eu, minha filha e minha esposa. Não foi necessário babá.
Cardoso diz que, desde que voltou ao trabalho, sua mulher ficou mais sobrecarregada com as tarefas. "A gente percebe que, para uma pessoa só, já é um serviço pesado. Ela voltando a trabalhar, a gente vai ter que pensar em outro jeito."
Dificuldade em deixar o trabalho
Se desligar completamente do trabalho, porém, é difícil. "Eu estou me forçando para desligar. Não é simples. Até porque, como [a licença estendida] foi anunciada recentemente, não consegui me preparar completamente", afirma Fábio Artoni. Ele estima que se desligou "85% do trabalho".
"A verdade é que também a gente não fica o tempo todo fazendo coisas da casa e da criança", afirma Pedro Cardoso. "Não entendi [a licença] como férias. Entendi como um home-office. Fiz reuniões, continuei respondendo e-mail. Não fiquei completamente off do mundo."
Para Artoni, essa visão de que a licença-paternidade é um período de férias ou descanso ainda existe.
"Um monte de gente olha, não com desconfiança, mas com certa visão negativa da situação", afirma.
Alguns, mais distantes da paternidade ou que têm filhos mais crescidos, olham isso como férias estendidas. Fazem, sim, brincadeiras, e eu costumo responder: 'estou trabalhando mais do que se estivesse na Natura. Quase não durmo, acordo cedo, durmo tarde'.
Licença ajuda no desenvolvimento da criança
Segundo o estudo "Maternidade e Paternidade no Trabalho", da Organização Internacional do Trabalho (OIT), braço das Nações Unidas, pais que tiram licença, especialmente por um período de duas semanas ou mais, têm maior probabilidade de se envolverem mais com as crianças. Isso, por sua vez, tem efeitos positivos na igualdade entre homens e mulheres em casa e no trabalho.
O envolvimento do pai com o recém-nascido, diz o estudo, também contribui para o desenvolvimento do bebê, e há evidências de que essa participação é um fator-chave para a criança ter melhor desempenho "em quase todos os indicadores de sucesso".
A OIT, no entanto, não estabelece a duração que deve ter a licença-paternidade.
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