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Empresas contam por que aumentaram a licença-paternidade para 30 ou 40 dias

Getty Images
Imagem: Getty Images

Ricardo Marchesan

Do UOL, em São Paulo

24/07/2016 06h00

Algumas empresas têm adotado licença-paternidade maior do que o determinado por lei, oferecendo 30 ou 40 dias como um benefício a seus funcionários. 

Manter um empregado longe do trabalho por mais tempo leva a uma queda na produtividade, certo? Não, segundo as empresas que adotaram a medida.

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Segundo a diretora de Recursos Humanos da Natura, Fatima Rossetto, não há essa preocupação. "Realmente acho que indivíduos mais felizes são mais engajados, são mais produtivos", afirma.

A licença-paternidade foi estendida para 40 dias no início do ano e, segundo ela, a mudança vinha sendo planejada desde o final de 2015. Rossetto afirma que a empresa possui cerca de 7.000 funcionários, quase a metade homens.

Carolina Portella, gerente de RH da marca de roupas Reserva, afirma que a iniciativa de ampliar a licença para 30 dias partiu do próprio dono, Rony Meisler, após ele ter tirado um mês para ficar com o filho.

A empresa também diz que não há queda na produtividade. "Não temos esse medo porque existe a preparação [da área] para a saída dessa pessoa", diz Portella.

medida ajuda "também para a reintegração das mulheres no retorno ao trabalho e para sua carreira no futuro", segundo a diretora de RH do Twitter para a América Latina, Mariabrisa Olivares. A afirmação foi feita quando a empresa anunciou a licença-paternidade de 20 semanas (cinco meses).

"Trabalho mais do que trabalhava antes", diz pai

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Licença igual para homens e mulheres

"A tendência do mercado é falar de equidade de gênero cada vez mais constantemente", afirma a responsável pelo RH na Natura. 

Mas, se o objetivo é igualdade entre homens e mulheres, por que não dar o mesmo período de licença a todos?

Na Natura, as mulheres têm licença de seis meses --a lei determina quatro. 

Rossetto diz que os 40 dias de licença-paternidade foram pensados para cobrir o primeiro momento da vida da criança, "período de maior mudança e adaptação do bebê e da mãe, questões hormonais e físicas", segundo ela.

Ela diz que, agora, os resultados da licença serão analisados na prática e a possibilidade de ela ser ainda maior vai depender dos impactos da medida e de quantos funcionários vão aderir, já que o benefício é opcional. "Vamos ver como vem a adesão. Se for positivo, por que não estender (o tempo)?"

Carolina Portella, da Reserva, também vê a possibilidade de ampliar ainda mais a licença-paternidade. "É claro que nosso sonho é conseguir licença-maternidade de 180 dias, levar pais para 180 dias. Acho que esse é o próximo passo de todas as empresas que estão preocupadas genuinamente com os funcionários", afirma.

Pais têm medo de tirar licença

O benefício da licença estendida é opcional tanto na Natura quanto na Reserva. Ou seja, se desejarem, os pais podem tirar apenas os cinco dias determinados por lei.

Pode parecer estranho alguém dispensar os dias a mais em casa, mas alguns funcionários ficam inseguros e preferem não deixar o trabalho por tanto tempo.

Segundo levantamento da consultoria Deloitte nos EUA, menos da metade dos mil entrevistados, entre homens e mulheres, consideram que as empresas em que trabalham criam um ambiente confortável para que os homens tirem a licença.

Mais de um terço disse que sentia que tirar a licença "prejudicaria sua posição no trabalho". Mais da metade (54% das mulheres e 57% dos homens) disse que tirar a licença seria visto como falta de comprometimento com o trabalho, e 41% sentem que perderiam oportunidades em projetos.

Está em vigor lei que amplia licença-paternidade

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