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Desemprego bate recorde no Brasil em 2020 e atinge 13,4 milhões de pessoas

Resultado para o ano interrompe a queda iniciada em 2018.  Em 2019, o desemprego foi de 11,9% - iStock
Resultado para o ano interrompe a queda iniciada em 2018. Em 2019, o desemprego foi de 11,9% Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo*

26/02/2021 09h03Atualizada em 26/02/2021 10h16

A taxa média anual de desemprego no Brasil foi de 13,5% em 2020, a maior já registrada desde o início da série histórica em 2012. Os dados foram divulgados hoje e fazem parte da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A taxa de 13,5% verificada em 2020 corresponde a cerca de 13,4 milhões de pessoas na fila por um trabalho no país. O resultado para o ano interrompe a queda iniciada em 2018, quando a taxa ficou em 12,3%. Em 2019, o desemprego foi de 11,9%.

No último trimestre de 2020, a taxa de desocupação atingiu 13,9%, depois de chegar a 14,6% no terceiro trimestre, encerrado em setembro

"No ano passado, houve uma piora nas condições do mercado de trabalho em decorrência da pandemia de covid-19", disse a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

A necessidade de medidas de distanciamento social para o controle da propagação do vírus paralisaram temporariamente algumas atividades econômicas, o que também influenciou na decisão das pessoas de procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas ao longo do ano, um maior contingente de pessoas voltou a buscar uma ocupação, pressionando o mercado de trabalho.
Adriana Beringuy

Segundo o IBGE, no intervalo de um ano, a população ocupada reduziu 7,3 milhões de pessoas, chegando ao menor número da série anual.

"Saímos da maior população ocupada da série, em 2019, com 93,4 milhões de pessoas, para 86,1 milhões em 2020. Ou seja, foi uma queda bastante acentuada e em um período muito curto, o que trouxe impactos significativos nos indicadores da pesquisa. Pela primeira vez na série anual, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%", afirmou Adriana.

Comparação anual

A pesquisa também mostrou outras mudanças no mercado de trabalho na comparação de 2019 com 2020:

  • Taxa de informalidade: passou de 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020, o equivalente a 33,3 milhões pessoas sem carteira assinada.
  • Número de empregados com carteira de trabalho assinada (setor privado): 30,6 milhões de pessoas (menos 2,6 milhões, recuo de 7,8%)
  • Desalentados (desistiram de procurar trabalho): 5,5 milhões de pessoas em 2020, alta de 16,1% em relação ao ano anterior.
  • Trabalhadores por conta própria: 22,7 milhões, uma retração de 6,2% em relação a 2019.
  • Rendimento médio: R$ 2.543, com crescimento de 4,7% em relação a 2019.

De acordo com o IBGE, o número de desalentados em 2020 foi o maior da série histórica. "Com os impactos econômicos da pandemia, muitas pessoas pararam de procurar trabalho por não encontrarem na localidade em que vivem ou por medo de se exporem ao vírus", disse a analista da pesquisa.

Taxa trimestral

Ainda de acordo com a pesquisa, a taxa trimestral de desemprego no Brasil foi de 13,9% no trimestre de outubro a dezembro de 2020 e atingiu 13,9 milhões de pessoas.

Na comparação com o trimestre anterior (julho a setembro), o cenário é de queda (14,6%). Já em comparação com o mesmo trimestre de 2019, são 2,9 pontos percentuais a mais (11%).

No trimestre encerrado em dezembro houve a liberação da última parcela do auxílio emergencial de R$ 300.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou que o auxílio emergencial deve voltar a ser pago a partir de março, com quatro parcelas de R$ 250.

Metodologia da pesquisa

A Pnad Contínua é realizada em 211.344 casas em cerca de 3.500 municípios. O IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados.

Existem outros números sobre desemprego, apresentados pelo Ministério da Economia, com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Os dados são mais restritos porque consideram apenas os empregos com carteira assinada.