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Como o emprego está melhorando mesmo com inflação e juros altos?

Getty Images
Imagem: Getty Images

Vinícius Silva

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/07/2022 04h00

O desemprego no Brasil está caindo mês a mês. No primeiro trimestre, ficou em 9,8%, a menor taxa desde 2015. As vagas com carteira assinada também estão aumentando. Mas como isso pode acontecer num momento de baixo crescimento da economia, com a taxa básica de juros (Selic) e a inflação altas?

Qual a explicação? De acordo com especialistas ouvidos pelo UOL, a volta à normalidade após dois anos de restrições com a covid-19 reanimou setores que haviam demitido nos últimos dois anos, e isso abriu espaço para contratações. A reabertura já acontece há algum tempo, mas a criação de empregos demora um pouco para aparecer. Por isso, os números são cada vez melhores.

Que setores têm mais emprego? Os serviços são os que mais crescem. Com o distanciamento social, as pessoas não podiam frequentar academias, restaurantes e qualquer local que precisasse de contato pessoal.

Com a melhoria da situação, esses serviços têm uma recuperação com muito mais força. Ou seja, mesmo com inflação e juros altos, há vagas, afirma Ana Beatriz Moraes, economista e sócia da Alcance Innovation Consulting.

Tem alguma pegadinha? A retomada dos negócios faz o emprego crescer mesmo com a situação atual, diz Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos. Mas o trabalhador está ganhando menos do que antes da pandemia.

De acordo com dados do Ministério do Trabalho, em maio, a média de salários iniciais no Brasil foi de R$ 1.898,02.

No mesmo mês de 2021, a média era de R$ 2.011. A redução, em um ano, foi de 5,6%.

Melhorou, mas também piorou: Está crescendo o emprego com carteira assinada, mas há muita vaga de trabalho informal e uma renda bem mais baixa. Hoje a renda média é menor do que era em 2012, sem considerar inflação. São dez anos, com inflação de 88% no total, afirma Juliana Inhasz, professora de economia do Insper.

Como a inflação atrapalha? Além de ganhar menos, o trabalhador gasta mais por causa da inflação. O peso é bem maior para quem tem salários menores, diz Ana Beatriz Moraes.

Nos últimos 12 meses, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no Brasil, ficou em 11,73%.

Prestação cara: Com os juros altos, o trabalhador nem consegue financiar algum produto mais caro, como uma geladeira. As prestações ficam muito altas. Isso também afeta a qualidade de vida dos brasileiros com menos renda.

O que vem pela frente? Para Juliana Inhasz, professora de economia do Insper, a recuperação é leve, mas a economia tem melhorado. "É como se tivéssemos andado com o freio de mão puxado, mas estamos andando. Existe uma tendência de que o Brasil acelere ainda mais porque o resto do mundo está crescendo, então tudo isso tem puxado essa demanda por trabalho."