BC sobe juros a 13,25% ao ano, maior nível desde janeiro de 2017
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu hoje, por unanimidade, subir a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,5 ponto percentual. Com isso, o índice foi de 12,75% para 13,25% ao ano — o maior patamar desde o reajuste estabelecido de dezembro de 2016 até 11 de janeiro de 2017, quando a taxa estava em 13,75%.
O movimento já era esperado por economistas e pelo mercado. Essa é a décima primeira alta consecutiva aplicada pelo BC à Selic desde o início do aumento da inflação, em março de 2021 —antes, a taxa foi reduzida a um piso histórico de 2% por conta da pandemia.
Entre os motivos do Comitê para o aumento estão o "ambiente externo que seguiu se deteriorando", em referência especialmente ao aperto monetário nos Estados Unidos, e "a inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente", apesar da atividade econômica brasileira ter crescido mais do que o esperado.
O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego
O Copom terá uma nova reunião em agosto, para quando "antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude". A política de altas é uma tentativa do BC para controlar a inflação, que acumulou 11,73% em 12 meses até maio.
Apesar disso, o Comitê considera "apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista", enfatizando que os aumentos são para combater a alta inflação no país e atingir as metas anuais.
Impacto dos combustíveis
Desde a reunião do Comitê em maio, a inflação global voltou a assustar e os riscos fiscais se intensificaram no país, com o novo pacote do governo para os combustíveis, sem sinais firmes de melhora do cenário de preços.
Em tese, a redução temporária de impostos incidentes sobre os combustíveis poderia atrapalhar ainda mais a tarefa do BC de levar a inflação para a meta, com um possível efeito "rebote" aumentando as chances de um terceiro ano consecutivo de rompimento da meta em 2023.
Selic nas últimas dez reuniões
- 15 de junho de 2022: 13,25% ao ano
- 04 de maio de 2022: 12,75% ao ano
- 16 de março de 2022: 11,75% ao ano
- 02 de fevereiro de 2022: 10,75% ao ano
- 08 de dezembro de 2021: 9,25% ao ano
- 27 de outubro de 2021: 7,75% ao ano
- 22 de setembro de 2021: 6,25% ao ano
- 4 de agosto de 2021: 5,25% ao ano
- 16 de junho de 2021: 4,25% ao ano
- 5 de maio de 2021: 3,5% ao ano
(Com AFP e Estadão Conteúdo)
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