Juro atual faz dinheiro render menos, mas não arrisque muito; veja opções
Com a manutenção dos juros básicos (taxa Selic) em 6,5%, pelo Banco Central nesta quarta-feira (16), o rendimento de aplicações tradicionais como poupança, fundos DI ou títulos do tipo Tesouro Selic se mantém baixo.
Apesar do ganho aparentemente minguado, o investidor não deve abandonar completamente a renda fixa em busca de investimentos supostamente mais rentáveis –e arriscados–, como ações. Segundo os especialistas, a atitude correta é diversificar, buscando um equilíbrio entre risco e retorno.
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As eleições presidenciais e as incertezas no cenário externo são fatos que o investidor deverá levar em conta nos próximos meses antes de decidir onde colocar seu capital. Veja abaixo algumas sugestões de como fazer o dinheiro render mais em um ambiente de juros baixos, mas sem comprometer a segurança do seu patrimônio.
Renda fixa ainda é atraente, mesmo com Selic baixa
Esqueça os ganhos de 1% ao mês ou mais que as aplicações de renda fixa pagavam até dois ou três anos atrás. A realidade da economia brasileira mudou completamente, afirmam os especialistas. Mas isso não significa, necessariamente, que o seu dinheiro está rendendo pouco.
“O investidor deve olhar o ganho real, ou seja, já descontado da inflação. Como a Selic está em 6,5% ao ano, e a previsão para o IPCA é de 3,5% neste ano, o ganho real está próximo de 3%”, diz Conrado Navarro, especialista em finanças pessoais da Modalmais. “Não é uma taxa ruim se você comparar com outros países com cenário econômico semelhante ao do Brasil.”
Navarro afirma que ainda há boas oportunidades de investimento na renda fixa, especialmente para quem pode deixar o dinheiro aplicado mais tempo. A principal recomendação do especialista são os títulos do tipo Tesouro IPCA, que repõem a inflação e ainda pagam uma taxa real de juros. “O Tesouro IPCA+ 2035, por exemplo, está pagando uma taxa real de 5,5% ao ano.”
Navarro também indica os papéis oferecidos por bancos menores, como CDBs, LCIs e LCAs. É possível encontrar títulos que pagam uma taxa nominal (sem descontar a inflação) equivalente a 120% do CDI (cerca de 7,7% ao ano) com vencimento em dois anos, ou até 130% do CDI (8,3% ao ano) para aplicações de até sete anos. Se descontada a inflação, esses papéis terão um ganho real próximo de 4% ao ano.
“Bancos pequenos oferecem um rendimento maior porque apresentam um risco maior. Porém, o investimento está resguardado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil caso a instituição quebre”, diz o especialista da Modalmais.
Diversifique os investimentos aos poucos
Se você não tem experiência com o mercado financeiro, não tem tempo para acompanhar as cotações do dólar ou das ações, ou simplesmente não entende nada de finanças, experimente novos produtos de forma gradual e com cautela.
“Nossa recomendação é diversificar os investimentos, pois a diversificação ajuda a buscar ganhos adicionais com riscos equilibrados e adequados ao perfil do investidor”, afirma Martin Iglesias, especialista em investimentos do Itaú Unibanco.
“Dependendo da disposição para risco e da experiência com investimentos, o investidor deve manter pelo menos 60% dos recursos na renda fixa e redistribuir o restante entre fundos multimercados, fundos de crédito privado ou de debêntures incentivadas, que tendem a oferecer rendimentos maiores, mas com risco moderado”, afirma Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama.
Fique atento às eleições e ao cenário externo
Os próximos meses serão de nervosismo no mercado financeiro devido às eleições presidenciais no Brasil e à expectativa de novos aumentos de juros nos Estados Unidos, o que favorece a valorização do dólar e pode provocar baixas na Bolsa de Valores. Somente neste ano, a moeda americana já subiu mais de 10%.
“O mercado ficará volátil [instável] a cada divulgação de uma nova pesquisa eleitoral para presidente. Lá fora, o foco será a decisão de política monetária do FED [banco central americano]”, diz Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos.
“Por essa razão, não recomendamos que investidores pouco experientes comprem ações diretamente na Bolsa ou invistam em fundos de ações neste momento. O melhor é procurar fundos multimercados, que possuem agilidade e flexibilidade para mudar a estratégia de investimento, minimizando eventuais perdas”, diz Crespo.
Embora esteja otimista com o mercado de ações para o longo prazo, Martin Iglesias, do Itaú Unibanco, também sugere cautela com investimentos mais arriscados neste momento. “Exatamente por causa desse cenário de maior volatilidade que os fundos multimercados ganham cada vez mais destaque. Eles podem aproveitar as oportunidades e se reposicionar rapidamente caso os riscos aumentem.”
Mantenha a reserva de emergência na renda fixa
A reserva de emergência (aquele dinheiro para cobrir situações inesperadas) deve continuar na renda fixa, de preferência em uma aplicação que ofereça rendimento próximo à Selic. Além disso, o investimento precisa ter boa liquidez, ou seja, permitir saques a qualquer momento ou, no máximo, de um dia para outro.
As opções, nesse caso, continuam sendo os títulos do tipo Tesouro Selic e os CDBs de bancos médios com liquidez diária e que paguem acima de 95% do CDI (cerca de 6,1% ao ano). Esse percentual de rendimento é suficiente para compensar a alíquota mais alta de Imposto de Renda, de 22,5% para aplicações de curto prazo (até seis meses).
Tome cuidado com os fundos DI. Não aplique neles se a taxa de administração for maior que 0,5% ao ano. “Nos grandes bancos, dificilmente você achará um fundo com taxa baixa. Ela acaba comendo o rendimento do fundo”, afirma Sandra Blanco, da Órama.
“Se não puder aplicar por meio de uma corretora ou plataforma de investimento, que oferecem fundos com taxas menores, deixe o dinheiro na poupança mesmo, que renderá mais do que um fundo ruim.” A poupança paga o equivalente a 70% da Selic, mas o rendimento é isento de Imposto de Renda. Com a Selic em 6,5%, ela passará a render o equivalente a 4,55% ao ano.
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