BC surpreende e mantém juros em 6,5%, após 12 cortes seguidos
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (16) manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano, após 12 cortes seguidos, que começaram em 2016. Ainda assim, os juros continuam em seu menor nível desde que o Copom foi criado, em 1996, e a poupança continua rendendo menos (leia mais abaixo).
A decisão foi unânime e surpreendeu o mercado. De 42 economistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, 40 previam corte de 0,25 ponto e apenas dois acreditavam na manutenção da taxa.
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Em comunicado, o BC disse que a recuperação perdeu fôlego ("Os últimos indicadores de atividade econômica mostram arrefecimento") e citou um cenário externo "mais desafiador" e instável, fazendo referência à possível alta de juros nos EUA e a um ambiente menos favorável para países emergentes.
O BC disse, ainda, que a "frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira" pode levar a uma alta da inflação no futuro.
A tendência é manter os juros nesse nível nas próximas reuniões, segundo o comunicado do Copom: "Para as próximas reuniões, o Comitê vê como adequada a manutenção da taxa de juros no patamar corrente."
O BC também reduziu sua projeção de inflação a 3,6% em 2018, ante 3,8% em seu último cálculo. Para 2019, a conta também caiu a 3,9%, contra 4,1% antes.
Juros ao consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros do cheque especial em março era de 324,7% ao ano. Os juros do rotativo do cartão de crédito eram de 334,5% ao ano, em média.
Cortes começaram em 2016
O ciclo de cortes da Selic, interrompido nesta quarta-feira, começou em outubro de 2016. Veja a trajetória dos juros de lá para cá:
- Outubro/16: caiu de 14,25% para 14%
- Dezembro/16: caiu de 14% para 13,75%
- Janeiro/17: caiu de 13,75% para 13%
- Fevereiro/17: caiu de 13% para 12,25%
- Abril/17: caiu de 12,25% para 11,25%
- Maio/17: caiu de 11,25% para 10,25%
- Julho/17: caiu de 10,25% para 9,25%
- Setembro/17: caiu de 9,25% para 8,25%
- Outubro/17: caiu de 8,25% para 7,5%
- Dezembro/17: caiu de 7,5% para 7%
- Fevereiro/18: caiu de 7% para 6,75%
- Março/18: caiu de 6,75% para 6,5%
- Maio/18: foi mantido em 6,5%
Poupança rende menos
Desde setembro, a poupança passou a render menos devido a uma nova regra, criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,27% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial).
Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR. Isso, na prática, representa um rendimento menor.
Juros x inflação
Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A inflação está em baixa, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A alta acumulada dos preços em 12 meses ficou em 2,76% em abril, abaixo do limite mínimo da meta do governo para o ano, que é de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo, ou seja, podendo variar entre 3% e 6%.
Nesse cenário, o corte nos juros tende a estimular o investimento das empresas na produção e o consumo das famílias.
(Com agências de notícias)
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