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Por que as mulheres gastam mais que os homens?

Quando indagados, a maioria dos homens tende a afirmar que as mulheres ao seu redor, sejam elas esposas, amigas ou familiares, têm uma tendência a gastar mais. Mas você já parou para refletir sobre a realidade por trás dessa percepção e os tabus que a envolvem?

A verdade sobre os gastos femininos

Ao explorar mais a fundo, descobre-se que a questão não é tão simples quanto parece. Sim, em uma análise superficial, pode parecer que mulheres gastam mais, mas quando consideramos o contexto mais amplo, uma narrativa diferente começa a surgir.

Seus ganhos:

Em primeiro lugar, é crucial reconhecer que, que a desigualdade de gênero ainda é presente em nossa sociedade. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a remuneração recebida pelas mulheres representa, em média, 78% do rendimento dos homens, isto é, uma diferença de mais de 20%. Essa é uma realidade incontestável que afeta sua capacidade econômica global.

Suas despesas:

Além disso, o fenômeno conhecido como "taxa rosa" evidencia que produtos direcionados às mulheres tendem a ser mais caros do que suas contrapartes masculinas. Isso vai desde produtos de higiene pessoal até roupas e serviços. Quando ajustamos os gastos a essa realidade, torna-se evidente que a percepção de que mulheres gastam mais é, em muitos casos, uma distorção da verdade.

Além disso, é fundamental compreender um equívoco comum que transcende gêneros: a ideia de que o consumismo é uma característica exclusivamente feminina. Essa noção, além de ser uma generalização injusta, ignora as complexidades do comportamento humano em relação ao consumo. O consumismo, definido como a tendência a adquirir bens e serviços em excesso, é uma questão que pode afetar qualquer pessoa, independentemente do gênero.

Suas lutas:

Entre as mulheres que frequentemente enfrentam desafios econômicos exacerbados estão as mães solo. A realidade dessas mães é um testemunho da resiliência e do sacrifício, lutando contra adversidades para garantir o bem-estar de seus filhos. O abandono deixa essas mulheres numa situação precária, forçadas a assumir o papel duplo de provedora e cuidadora, muitas vezes sem o suporte financeiro ou emocional necessário.

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Essas mães solos encaram um mercado de trabalho que nem sempre é flexível ou compreensivo com as necessidades de uma família uniparental. Elas enfrentam não apenas a luta para prover necessidades básicas, como moradia, alimentação e educação, mas também o desafio de estar presente emocional e fisicamente para seus filhos. A jornada é árdua, repleta de sacrifícios pessoais, onde muitas vezes elas têm que abrir mão de seus próprios sonhos e necessidades em prol do sustento e do futuro de seus filhos.

Altruísmo ou desvalorização?

A tendência de mulheres de colocarem as necessidades dos outros acima das suas próprias é uma realidade que transcende contextos socioeconômicos. Em muitas famílias, observa-se que mulheres, sejam mães, filhas ou parceiras, frequentemente tiram "de suas bocas para dar para quem amam". Essa disposição para sacrificar suas próprias necessidades, embora nascida de um lugar de amor e cuidado, pode levar a um ciclo de desvalorização pessoal.

Esse comportamento altruísta, quando não equilibrado com o autocuidado e a autovalorização, pode perpetuar a noção de que o bem-estar das mulheres é secundário ao dos outros. Esse desequilíbrio não apenas afeta a saúde física e emocional das mulheres, mas também impede seu desenvolvimento pessoal e profissional. Reconhecer e valorizar suas próprias necessidades, direitos e desejos é fundamental para quebrar esse ciclo.

O dia é delas, mas a reflexão tem que ser nossa

À medida que nos aproximamos do Dia das Mulheres, é essencial refletir sobre essas questões. Este dia não é apenas uma celebração das conquistas femininas, mas também um momento para reconhecer os desafios que ainda enfrentam. Para os homens, em particular, é uma oportunidade de questionar os estereótipos e preconceitos, entender melhor as realidades econômicas que as mulheres enfrentam e apoiar ativamente na luta por uma igualdade genuína.

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Em vez de perpetuar o mito de que mulheres gastam mais, podemos todos nos esforçar para entender as complexidades por trás dos padrões de gasto e trabalhar juntos para construir uma sociedade onde homens e mulheres possam prosperar igualmente, livre de estigmas e desigualdades. O verdadeiro empoderamento vem quando quebramos esses tabus e construímos pontes de compreensão e respeito mútuo. Que este Dia das Mulheres seja um lembrete para que nós homens tenhamos mais empatia e cuidado com as mulheres de nossas vidas.

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