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Bancos digitais lançam serviços para crianças e adolescentes; veja dicas

Allan Nascimento

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/01/2021 04h00

Abrir uma conta corrente e usar um cartão só seu para fazer compras é o desejo de muitos adolescentes. Sinônimo de independência financeira, esse desejo tem ficado mais simples de ser atendido com a popularização das contas digitais.

Muitas fintechs oferecem serviços específicos para menores. Veja alguns exemplos e dicas sobre cuidados que os pais devem ter nessa introdução dos filhos na vida bancária.

Precisa de autorização dos pais

A legislação brasileira não permite que menores de 18 anos assinem contratos e que tenham cartão de crédito. Por isso, o que a maioria dessas contas digitais oferece é um cartão pré-pago atrelado a uma conta corrente. Dessa forma, dá para pagar boletos e utilizar aplicativos ativando a função crédito.

O caminho de abertura de conta nessas empresas funciona de modo bem parecido, sempre passando pela autorização dos pais, que podem ativar o cadastro a partir de uma selfie ou apresentando seus documentos pessoais.

Só dá para gastar o que tem

O serviço de cartão pré-pago tem suas vantagens para os responsáveis.

"Nessas contas pré-pagas, o valor a ser gasto fica limitado ao valor previamente carregado, por isso ele é muito indicado para presentear os jovens e até mesmo administrar a mesada deles", declarou Ricardo Dutra, CEO do PagSeguro PagBank.

A empresa oferece o serviço com um cartão com opção de saque em caixas eletrônicos, tecnologia NFC (sigla para Near Field Communication), que possibilita pagamentos por aproximação, e também é aceito em aplicativos como Uber, Netflix e Spotify, o que dá a esse jovem uma autonomia de consumo que até então não tinha.

Aos 18, jovem se torna titular

Mesmo que a conta tenha sido aberta com a autorização da mãe ou do pai, o correntista assume a titularidade e o controle das movimentações quando completa 18 anos, diz Priscila Salles, CMO (diretora de Marketing) do banco Inter.

A fintech criou no ano passado uma plataforma específica para esse público. A Conta Kids entrou no ar em julho e soma mil novas contas abertas por dia, em média.

Compra de jogos na internet

A startup carioca Trampolin, que nasceu na incubadora da PUC-RJ, foi outra que também apostou no segmento. A empresa colocou no ar em agosto de 2020 o NeagleBank, uma conta digital desenvolvida em parceria com os youtubers Gabriel Soares (Neox) e Victor Trindade (Eagle), dupla que comanda o canal Neagle.

Primeiro projeto da empresa, o NeagleBank foi desenvolvido para atender jovens com menos de 18 anos que costumam fazer compras na internet, principalmente de jogos.

"Durante as nossas pesquisas, descobrimos que em 2018 o mercado de games no Brasil movimentou mais de US$ 400 milhões. E todo esse montante foi usado, principalmente, em microtransações, em gastos de R$ 1, R$ 2 e R$ 3", disse Lucca Freire, diretor da startup.

O canal Neagle, que tem mais de 7,7 milhões de inscritos, foi o meio que a Trampolin encontrou de direcionar o contato com esse público. Hoje, quase seis meses depois de a parceria passar a operar, o serviço já chega a 300 mil clientes.

Educação financeira

A Next, conta digital do Bradesco, também foca na possibilidade de os pais monitorarem os gastos dos filhos. "Não estamos criando uma conta conjunta. O menor é o titular, mas assim que a conta é aberta nós a conectamos à conta do responsável", afirmou Jeferson Honorato, CEO da fintech.

A fintech lançou a função Nextjoy, voltada para os menores, em setembro passado. O serviço é oferecido em parceria com a Disney (dá para personalizar as telas do app com os desenhos da marca) e utiliza recomendações de educação financeira do MEC para dar dicas aos jovens correntistas. Em três meses após o lançamento, mais de 300 mil contas foram abertas.

Como os pais devem agir

A educadora e mentora financeira Lúcia Stradiotti, autora do livro "Muito Além da Mesada", que deve ser publicado em fevereiro, afirma que antes de introduzir os filhos na vida bancária ou dar mesada, os pais precisam explicar os principais conceitos da educação financeira.

"Somos uma população endividada e viemos de uma geração que não aprendeu a gerir bem o dinheiro. Os filhos precisam entender muito claramente o conceito de valor e de preço, e os pais precisam dar um exemplo positivo dentro de casa. Essas fintechs cumprem um papel muito importante, mas, se isso não for feito com responsabilidade, pode ocorrer uma inversão e gerar adultos que não vão saber gerir o próprio dinheiro", declarou.

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