A Bolsa vai apanhar até o fim do ano, mas essas ações podem se salvar; veja
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A Bolsa teve, desde o começo do ano, a pior performance desde março de 2020, início da pandemia de covid-19. Mas, com eleições à vista e desaceleração global em curso, a Bolsa pode sofrer ainda mais no restante do ano. Em junho, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, encerrou o mês com desempenho negativo 11,50%. Desde janeiro, a queda é de 6%.
Segundo analistas consultados pelo UOL, a alta das commodities ajudou a impulsionar as ações brasileiras no começo do ano, sobretudo no primeiro trimestre. Mas a guerra na Ucrânia, e os consequentes avanço da inflação e aumento nas taxas de juros no mundo, o cenário passou a ficar mais incerto. Porém, há ações que podem resistir.
Como a economia dos EUA afeta a Bolsa? Em junho, o Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) elevou os juros da economia americana em 0,75 ponto percentual, para a faixa de 1,5% a 1,75%. Foi a maior alta desde 1994, numa tentativa de conter a inflação nos EUA. E a taxa deve subir ainda mais.
Os analistas e economistas estão bastante preocupados com os riscos de uma desaceleração econômica, principalmente nos Estados Unidos, depois que os bancos centrais sinalizaram uma política mais agressiva para controlar a inflação em alta
Jennie Li, estrategista de ações da XP
O receio é que a retirada de benefícios e a simultânea alta dos juros levem a uma economia mais parada, resultando em uma recessão em escala global no próximo ano, explica a estrategista da XP.
Outra consequência da alta dos juros nos EUA é que grandes investidores internacionais tiram o seu dinheiro de economias menos maduras, como o Brasil, e levam para aquelas mais desenvolvidas, o que prejudica o desempenho da Bolsa brasileira.
E o Brasil, também tem risco de recessão? A chance de recessão não é só cogitada nos Estados Unidos: analistas já começam a enxergar esse cenário também no Brasil. No último boletim Focus, do Banco Central, a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 passou de 1,50% para 1,51%. Há um mês, a estimativa era de 1,20%. Já para 2023 a expectativa é de crescimento de 0,50%.
O analista de investimentos da casa de análises Empiricus, Matheus Spiess, lembra que, depois de um bom desempenho no começo do ano, a queda do mercado brasileiro só não foi pior por conta das companhias de commodities e de bancos como Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil.
"PEC Kamikaze", guerra e eleições continuam a atrapalhar Riscos fiscais, como a renúncia de impostos para aliviar os preços principalmente dos combustíveis e a chamada "PEC Kamikaze", que aumenta os gastos com benefícios sociais até dezembro, podem pesar negativamente.
Assim, a tendência é que o sobe e desce permaneça no segundo semestre, segundo o analista de investimentos da Toro Investimentos, Josias de Matos. A guerra no leste europeu, problemas nas cadeias de suprimentos, crise econômica e medidas adotadas pela China para incentivar a sua economia são algumas das razões. Todos estes fatores continuam trazendo instabilidade nos próximos meses, diz.
Existe alguma vantagem? Ações podem ficar baratas? No geral, os especialistas afirmam que problemas externos e internos colaboraram para deixar as ações brasileiras com preços em baixa, ou seja, preços menores do que os papéis realmente valem. Uma das maneiras mais comuns para verificar se o papel de determinada companhia está barato ou não é o preço da ação sobre o lucro líquido por ação. Quanto maior o P/L, mais cara a ação.
Dessa forma, Jennie Li, da XP, lembra que enquanto o S&P 500, índice que contempla as 500 maiores empresas dos Estados Unidos, é negociado a 16 vezes o seu preço sobre lucro - em linha com o seu histórico -, a Bolsa brasileira gira em torno de seis vezes o seu P/L, portanto com ativos bem mais acessíveis.
A Bolsa toda está com preços com desconto. E vai subir? Segundo a estrategista da XP, é difícil prever e há risco que ainda caia mais.
Devo investir?
Para quem olha um horizonte mais longo, por exemplo 12 meses, o retorno deve ser elevado. Historicamente, momentos de muito pessimismo e de valor de mercado baixo como agora geraram bons pontos de entrada
Fernando Siqueira, Head de Research da Guide Investimentos
Por isso, o analista da Guide Investimentos diz que alguns nomes do mercado brasileiros sem grandes dívidas e que devem continuar crescendo, mesmo com um PIB menor, são Weg (motores elétricos), Assaí (hipermercados), Multiplan (shoppings centers), Petrobras e Intelbras (segurança eletrônica).
Para Siqueira, no momento atual o investidor deve evitar empresas com dívidas elevadas e resultados ruins. Com o cenário internacional mais desafiador, com juros altos e risco de recessão nos EUA, é difícil que ações com estas características tenham um bom desempenho nos próximos três a seis meses.
Quais são as oportunidades? Em relatório, os analistas do Itaú BBA, Marcelo Sá e Matheus Marques, reduziram o patamar do Ibovespa de 115.000 para 110.000 pontos, refletindo o cenário mais desafiador do médio ao curto prazo, principalmente por conta de preocupações macroeconômicas. No entanto, eles revisaram para cima as estimativas das empresas no aspecto lucro por ação, principalmente em razão das empresas de commodities.
No curto prazo, o crescimento deve continuar sendo menor, mesmo que os preços das commodities voltem ao normal mais para a frente, afirmam os analistas do Itaú BBA. O mercado de commodities deve representar cerca de 68% da renda do Ibovespa em 2022.
O sócio e analista da casa de análises Nord Research, Guilherme Tiglia, diz que os players de commodities são os que mais favorecem para um Ibovespa barato. "E o mais importante: os lucros das empresas estão bem fortes, mesmo negociando a múltiplos de crise e com o mercado caindo", afirma.
Em momentos de crise, é comum uma valorização do dólar sobre o real, o que favorece a receita de empresas exportadoras de commodities. Assim, Matheus Spiess, da Empiricus, menciona Raízen, empresa de energia renovável criada da joint venture entre Shell e Cosan, SLC Agrícola, que produz alimentos como soja, milho e algodão, Rumo, que atua com a distribuição de produtos agrícolas por ferrovias, entre as boas oportunidades da Bolsa.
Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.
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