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Dá para investir no Tesouro, em ações e em FIIs com só R$ 300 por mês?

Dá para investir na renda fixa, em fundos imobiliários e em ações do mundo todo com apenas R$ 300 por mês - Getty Images
Dá para investir na renda fixa, em fundos imobiliários e em ações do mundo todo com apenas R$ 300 por mês Imagem: Getty Images

Gabriela Bulhões

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/09/2022 11h00

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Para investir - e diversificar sua carteira - não é preciso ter muito dinheiro. Dá para aplicar pensando em uma viagem no curto prazo, para a aposentadoria no futuro, e ainda para acumular patrimônio com apenas R$ 300 por mês.

Diversificar os investimentos é uma das principais dicas de especialistas para reduzir os riscos de prejuízo. Há muitas aplicações financeiras que são acessíveis, desde as opções mais previsíveis até as mais instáveis. Tudo depende do seu objetivo.

Segundo a economista e CEO da DS Estratégias e Inteligência Financeira, Dirlene Silva, o primeiro passo é conhecer o seu objetivo como investidor e definir o que quer alcançar.

A renda variável como ações e fundos é mais indicada para médio e longo prazo, já que pode ter instabilidade diária, enquanto se a necessidade for maior no curto prazo, aposte no Tesouro Direto para acumular valor, aconselha.

Antes mesmo de começar, tenha uma reserva de emergência: Um fator fundamental é ter reserva de emergência antes de diversificar seus investimentos, pois garantir essa quantia ajuda a lidar com imprevistos de queda de renda. Caso a sua situação seja um pouco mais confortável, já pode visar investimentos com foco no longo prazo, possibilitando aportes mensais de R$ 300 para mais de um investimento.

Para o economista e cofundador da Barkus, Marden Rodrigues, para montar a reserva de emergência, a melhor estratégia é buscar investimentos mais seguros e fáceis de resgatar, como CDBs de 100% do CDI com liquidez diária. O mesmo vale para quem tem a reserva, mas não abre mão de ter todo o investimento disponível para resgate imediato.

E como diversificar a carteira? Uma possibilidade é montar uma carteira com diferentes prazos de resgate. Rodrigues exemplifica que você pode dividir seus aportes entre os títulos do Tesouro atrelados à inflação e outra parte em investimentos de renda variável, como fundos de ações e fundos imobiliários.

Quais os melhores investimentos para viajar e para a aposentadoria? Veja um exemplo de composição para aportes mensais nas diversas modalidades - renda fixa, fundos, FIIs e ações - com os seguintes objetivos, de acordo com Silva:

Médio prazo (1 ano)

  • Objetivo: Viagem de férias
  • Aporte: 80% dos R$ 300, ou seja, R$ 240 por mês
  • Bons investimentos: Tesouro Direto, fundos com prazo prefixados e outros produtos de renda fixa com no mínimo 100% do CDI

Longo prazo (mais de 20 anos)

  • Objetivo: Aposentadoria
  • Aporte: 20% dos R$ 300, ou seja, R$ 60 por mês
  • Bons investimentos: Tesouro Direto, fundos multimercado, FIIs e ações

Mas qual o valor que aplico em cada investimento? Rodrigues complementa que é natural se sentir inseguro por ainda não dominar o mercado financeiro e por isso, ele observa que investir constantemente é mais importante do que investir em todos os ativos. O importante é começar aos pouquinhos, com aplicações mais seguras e, aos poucos, experimentar novos investimentos. Portanto, R$ 300 é um bom ponto de partida.

E tem algum custo? As taxas envolvidas em cada tipo de ativo podem determinar se o investimento vale mesmo a pena, além de corroer uma fatia do retorno. Por exemplo, os fundos de gestão passiva, como de renda fixa, cobram entre 0,3% e 1% ao ano de taxas de administração. Enquanto os fundos de gestão ativa, como multimercados, cobram entre 1% e 2% ao ano de taxas de administração, dependendo de sua complexidade.

Já a taxa de performance varia conforme a instituição, mas normalmente é 20% sobre o rendimento superior ao benchmarking. E a taxa de saída depende do tipo de investimento, é necessário verificar antes de escolher, pois é uma taxa que interfere bastante caso o resgate seja feito antes do prazo de vencimento, explica a economista Silva.

A tradicional caderneta de poupança é um dos investimentos livres de Imposto de Renda, assim como dividendos de fundos imobiliários e de ações. Outros investimentos terão o seu rendimento tributado conforme a tabela do Imposto de Renda. Também não esqueça que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Silva alerta que é primordial estabelecer o prazo que se pretende deixar o valor investido e conhecer os tipos de custos envolvidos para cada produto.

Qual é uma divisão boa entre renda fixa, fundos, FIIs e ações na carteira? A resposta vai de acordo com o cenário econômico que modifica o entendimento de qual é o perfil do investidor. Silva discorre que para os mais arrojados, é esperado que uma maior parte do patrimônio seja alocada em ativos de renda variável, chegando a mais de 50% em alguns casos.

Para Bruno De Conti, educador financeiro do ABC da Economia, quando for pensar em diversificação, também pense no risco que está atrelado. Uma possibilidade de carteira diversificada em renda fixa, fundos, FIIs e ações, acordo com o perfil de investidor, segundo ele, poderia ser:

  • Conservador: 70% em renda fixa e 30% em renda variável;
  • Moderado: 50% em renda fixa e 50% em renda variável;
  • Arrojado: 30% a 20% em renda fixa e 70% a 80% em renda variável.

Como investir com só R$ 300? A pedido do UOL, De Conti simulou uma carteira diversificada para visualizarmos melhor como seria investir R$ 300 dividido entre 50% em renda fixa e 50% em renda variável. Lembrando que não é uma recomendação de investimento e nenhuma taxa foi considerada.

Para diversificar os investimentos em ações, a simulação considerou BDRs de ETFs. BDRs são recibos brasileiros de ações, que ajudam investidores brasileiros a aplicar no mercado internacional. Já ETFs são fundos que acompanham índices - existem ETFs de fundos imobiliários, de ações sustentáveis ou mesmo de índices de Bolsas. Assim, ao investir em um ETF de uma bolsa estrangeira, o investidor estará exposto a esses mercados sem precisar comprar ações individualmente.

Confira:

Ativo: Renda Fixa Pós Fixada / Tesouro Selic
Aporte/Custo do ativo: R$ 122

Ativo: Renda Fixa Inflação / Tesouro IPCA
Aporte/Custo do ativo: R$ 32

Ativo: Ações - Brasil / ETF GURU11
Aporte/Custo do ativo: R$ 9,25

Ativo: Fundos Imobiliários - Brasil / ETF XFIX11
Aporte/Custo do ativo: R$ 10,05

Ativo: Ações - Estados Unidos / BDR de ETF BICB39
Aporte/Custo do ativo: R$ 49,45

Ativo: Ações de Tecnologia - Mundo / BDR de ETF BIXN39
Aporte/Custo do ativo: R$ 7,83

Ativo: Ações - Ásia / BDR de ETF BAAX39
Aporte/Custo do ativo: R$ 32,52

Ativo: Ações - Europa / BRD de ETF BIEU39
Aporte/Custo do ativo: R$ 36,05

O total investido foi R$ 299,60 e o educador financeiro considerou risco e diversificação na hora de simular a carteira. Por exemplo, as aplicações em renda fixa no Tesouro foram escolhidas pelo risco de crédito ser o menor disponível no Brasil. Já no caso da renda variável, considerou ações nacionais, internacionais e fundos imobiliários. Além disso, os ETFs são fundos que buscam replicar índices, sendo uma maneira barata de diversificar.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
O nome correto do cofundador da Barkus é Marden Rodrigues, e não Nascimento. A poupança é um dos investimentos sem cobrança de imposto de renda, não o único. A matéria foi corrigida.