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Reserva de emergência: Por que ter uma antes de investir?

Em momentos de aperto financeiro, é a reserva de emergência que pode te salvar, dizem os especialistas - iStock/Arte UOL
Em momentos de aperto financeiro, é a reserva de emergência que pode te salvar, dizem os especialistas Imagem: iStock/Arte UOL

Gabriela Bulhões

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/11/2022 11h00

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Por mais que você tente planejar cada passo da vida - pessoal e financeira - imprevistos acontecem. Você pode ficar sem um trabalho, pode ter problemas de saúde ou na família, o carro pode quebrar bem em um momento de aperto financeiro. É aí que entra uma das maiores dicas dos especialistas: tenha a sua reserva de emergência.

É importante ter recursos disponíveis para resolver os problemas que aparecem de última hora, sem que afete muito sua vida. Ter uma boa quantia guardada garante tranquilidade quando a necessidade financeira falar mais alto que a renda mensal.

Mas isso não quer dizer que seu dinheiro precisa ficar parado no banco ou render menos que a inflação. A reserva de emergência pode ser estruturada de diversas formas e considerada um bom investimento. Veja abaixo mais sobre como estruturar e onde investir sua reserva de emergência.

O que é a reserva de emergência? E qual a importância de ter uma? Nada mais é que um valor em dinheiro, reservado para garantir seu custo mínimo de vida, caso perca completamente a sua renda, segundo a mestre em economia e educadora financeira do ABC de Economia, Cássia Girotto.

Ela diz que pode ser utilizada em casos de desemprego, para aquele remédio específico com um preço mais elevado ou para o conserto do carro. Ela funciona como uma "tábua de salvação", ou seja, um último recurso para não se afogar em problemas financeiros. O montante garante segurança enquanto houver perda da renda ou enquanto a situação que reduziu sua renda seja restabelecida.

Quando não há essa reserva, o indivíduo pode correr o risco de se endividar, dado que a chance de fazer um financiamento ou até mesmo utilizar o cartão de crédito além do limite de pagamento é grande. "Na hora, a única coisa que passa pela cabeça das pessoas é resolver a emergência independente do custo, sem pensar no futuro", diz Cássia. Isso pode te induzir a tomar decisões pouco assertivas do ponto de vista financeiro.

Para quem é indicado? Todo mundo deve ter? Sim, todos deveriam ter uma reserva de emergência - independente de ser empreendedor, trabalhador PJ ou com carteira assinada ou até mesmo aposentado. Isso porque todos passamos por imprevistos na vida, ou, até mesmo, os planejamentos mudam, diz Rui Manica, sócio-fundador da Vértua Investimentos.

A dica dele é analisar a situação de vida, já que cada caso é um caso. Quem tem seguro e plano de saúde, pode ficar mais tranquilo com uma reserva de emergência menor. Enquanto para as pessoas com patrimônio ou renda muito elevados, a reserva de emergência pode ser indiferente, diz.

E por que preciso disso antes de investir? A jogada é garantir que você não fique sem dinheiro. Mesmo com um portfólio variado, nem sempre o prazo de resgate vai coincidir com a sua necessidade, o que pode causar ainda mais dor de cabeça, dependendo da urgência.

A dica é se planejar financeiramente para investir, ou seja, separar as quantias da renda por finalidade: o que vai para pagar as contas, o que vai para os investimentos, o que vai para montar uma reserva de emergência e assim por diante.

Qual o valor ideal? A educadora financeira fala que o valor estimado de reserva varia entre três meses até um ano das despesas correntes do indivíduo ou família. Por exemplo, o indicado para pessoas concursadas é três meses, trabalhadores contratados no regime CLT, pelo menos seis meses, enquanto para autônomos o ideal é guardar até um ano da sua renda.

Para ilustrar melhor, Cássia supõe que uma família de quatro pessoas tenha a seguinte despesa média mensal:

  • Aluguel e condomínio: R$ 2.000
  • Internet: R$ 150
  • Alimentação (supermercado): R$ 1.500
  • Plano de saúde: R$ 1.000
  • Energia: R$ 350
  • Gás: R$ 100

Ao todo, as despesas fixas totalizam R$ 5.100. O próximo passo é multiplicar esse valor pelo seu regime de trabalho. Caso for um trabalhador CLT, a sua reserva financeira teria que ser de R$ 30,6 mil. Já se for concursado, o valor muda para R$ 15,3 mil, enquanto para pessoas autônomas fica R$ 61,2 mil.

Como juntar tanto dinheiro? Parece —e é— uma grande quantia de dinheiro, mas esse valor pode ser guardado de maneira gradativa, por mês. Por mais que dê a impressão que é impossível juntar o valor ideal, comparando com a queda do poder de compra e inflação dos últimos anos, você pode ir aos poucos e investir nos ativos certos para o seu objetivo.

"Independente do valor que é possível separar mensalmente para a reserva, é muito importante começar, pois exige tempo e persistência, mas é a garantia de segurança e bem-estar em momentos delicados da vida", declara a mestre em economia.

E se você precisar usar o dinheiro antes de estar em uma quantia mais considerável, não se esqueça de repor na primeira oportunidade, para que não dificulte os próximos períodos inesperados.

Como monto uma reserva de emergência? Para Rui Manica, é preciso levar em consideração que a reserva de emergência deve buscar a correção monetária. Isso significa que, quando não está sendo utilizada, é recomendado deixar aplicada para não perder poder de compra em relação à inflação.

Nisso, há três fundamentos básicos, também conhecido como tripé financeiro:

  • Rentabilidade: Percentual de remuneração a partir do que é investido
  • Liquidez: Capacidade de conversão de um ativo em dinheiro
  • Segurança: O quão constante o investimento é, sem muitas oscilações e riscos

Se tratando de emergências, não há previsibilidade, e por isso é necessário aplicações com resgate imediato. Sendo assim, a liquidez é uma prioridade, permitindo ter recursos de maneira instantânea.

Por outro lado, o prêmio é menor com liquidez imediata, e os ativos não podem ser arriscados, como no mercado de ações. Para Cássia Girotto, são bons ativos para a reserva financeira: títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e ativos que sejam pós-fixados à Selic ou CDI com liquidez diária sem riscos de oscilações negativas.

Ela diz ainda que alguns bancos digitais também possuem opções no próprio aplicativo que rendem 100% do CDI, e outros possuem liquidez diária ou D+1 (dia da solicitação do resgate + 1 dia útil).

Manica adiciona outro exemplo: os CDBs com liquidez diária como uma alternativa bacana. Ele explica que são investimentos que pagam mais que a poupança, rendem mais e possuem liquidez imediata para ser utilizada a qualquer momento.

Além disso, há fundos de investimento que realizam a aplicação para o cliente, sem ele precisar ficar se preocupando em ir atrás de mais informações, conhecidos como Simples Nacional. Nesse caso, a maioria das aplicações está em títulos de baixo risco e possui uma taxa de administração muito baixa, afirma.

Cuidado com os erros: Calcular errado a reserva de emergência pode ser o seu maior erro. De acordo com Manica, isso acontece quando a pessoa não sabe os gastos mensais ou a sua situação financeira atual.

Por isso, a recomendação é colocar em uma planilha todos os custos para saber onde a renda mensal é gasta. Na maioria das vezes, a falha está quando as pessoas separam um valor mensal para poupar, mas só realizam essa aplicação se sobrar no fim do mês. "Isso é errado, porque, naturalmente, se a pessoa tem dinheiro sobrando, ela vai se dar liberdade para gastar", afirma o sócio-fundador da Vértua Investimentos.

Poupar e já investir quando se recebe o salário pode ser um ótimo meio para garantir a sua reserva financeira, sem que seja gasto. Se o seu plano é trocar de carro ou realizar uma viagem, deve separar outra quantia para realização de sonhos.

Outro erro é investir em aplicações de risco ou sem liquidez, gerando prejuízos na hora da utilização do recurso, diz ele. Por fim, é preciso ter disciplina. "Criar a reserva de emergência demora, e as pessoas acabam desanimando. Portanto, foco. Quando surgir um momento de necessidade, sentirá muita falta", afirma Manica.

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.