Dólar acima dos R$ 5,35: câmbio pode continuar em alta até o fim do ano
Depois de bater o recorde do ano, o dólar opera nesta terça-feira (11) em alta de 0,29%, cotado por volta das 14h40 a R$ 5,37. Com altas sucessivas, seguidas de pequenas baixas, até onde o dólar pode chegar?
A moeda estrangeira está tendo picos de alta. Na segunda-feira (10), a moeda americana fechou o dia a R$ 5,37, o maior valor desde 5 de janeiro de 2023, segundo dados da Elos Ayta. Naquela data, o dólar bateu R$ 5,40.
No ano, o dólar já subiu 10,85% frente ao real. Na semana passada, a moeda também teve um repique. Fechou na quarta-feira (5) a R$ 5,2977 — o maior preço de fechamento desde 5 de janeiro de 2023.
O que está fazendo o dólar subir?
Não é só a divisa brasileira que está perdendo valor. Várias moedas se desvalorizaram em relação ao dólar americano. O euro, por exemplo, caiu para o menor nível em um mês nesta terça-feira (11), com queda de 0,3%, a US$ 1,07.
Internacionalmente, três fatores pressionam o dólar. O primeiro é a preocupação política, com o avanço da extrema-direita nas eleições europeias. Isso e a convocação de eleições antecipadas em França podem prejudicar a integração do continente e provocar mais inflação.
Investidores também estão preocupados com dados de inflação dos EUA. Na última sexta-feira, por exemplo, foram divulgados dados robustos sobre o emprego nos EUA. Com mais empregos, os preços sobem.
Com custo de vida subindo, as chances de cortes nas taxas de juros americanas se enfraquecem. Isso aumenta os rendimentos do Tesouro Americano. A aplicação mais segura do mundo atrai mais investidores de todo o planeta e o dólar sobe. A decisão sobre a taxa de juros americana sai nesta quarta-feira (12).
Como tudo isso afeta o real?
Todas essas movimentações internacionais acabam afetando o real de forma contundente. Isso porque, domesticamente, a divisa brasileira também sofre com fatores que afetam sua cotação.
Aqui, o problema é que o governo gasta mais do que arrecada. "Já se esgotaram as opções do governo para tentar subir a arrecadação. Teve até a volta da taxação das blusinhas. Mas os gastos só aumentam", diz Bernardo Brites, presidente da Trace Finance, referindo-se ao projeto que prevê a taxação de 20% para compras até US$ 50 (ou R$ 265) em sites e apps chineses. A taxação foi aprovada no Senado na quarta-feira (05). Ainda voltará para a Câmara dos Deputados. Depois, o texto segue para aprovação ou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Que valor o dólar pode atingir no ano
Brites aposta que o dólar, até o final do ano, pode ficar entre R$ 5,55 e R$ 5,60. No entanto, o Itaú tem uma previsão mais conservadora. "Mantivemos a nossa projeção de câmbio em R$ 5,15 por dólar até o final de 2024", publicou o banco em documento para investidores.
Embora a faixa entre R$ 5,15 e R$ 5,30 tenha sido observada recentemente, não há garantias de que ela se manterá.
Sergio Brotto, diretor executivo da Dascam Corretora de Câmbio
Se realmente acontecer uma alta significativa, o Banco Central deve intervir. É o que diz Brotto. O banco faria leilões de venda à vista da moeda estrangeira com o intuito de evitar qualquer movimento brusco sem fundamentos reais.
Ao longo do ano, ainda, o dólar pode voltar a subir. É o que diz Ariane Benedito, economista especialista em mercados de capitais. Para ela, o teto máximo de valorização é de R$ 5,40. "Ainda há espaço para valorizações, conforme algumas situações forem se deteriorando", afirma ela. Os gastos públicos e os juros americanos são algumas dessas questões.
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