Países dos Bálcãs temem arcar com consequências do 'Brexit'
Belgrado, 21 Jun 2016 (AFP) - A súplica pública do primeiro-ministro albanês, Edi Rama, pedindo aos britânicos que não deixem a União Europeia (UE), resume a preocupação dos países dos Bálcãs, que temem ser os grandes perdedores de uma vitória do Brexit.
"Por favor, não saiam!", era a frase final de um artigo de opinião publicado pelo chefe de governo albanês no jornal "Times", de Londres.
"O Reino Unido ficando, ou não, as negociações entre os 27 Estados-membros e o Reino Unido serão prioritárias na agenda da UE, no mesmo nível que a crise dos imigrantes", disse à AFP a negociadora do governo sérvio com a UE, Tanja Miscevic.
"Depois, será a vez da Turquia e, se não surgir nenhuma outra coisa, a ampliação e a Sérvia", completou.
Nessa região pobre, de cerca de 20 milhões de habitantes, a ideia europeia ainda tem força e é vista como uma promessa de estabilidade, paz e prosperidade. Esse entusiasmo foi contido, primeiramente, pela crise econômica e, depois, pela crise dos imigrantes.
Na primeira linha de frente do fluxo de imigrantes, os países balcânicos não se sentiram apoiados por Europa, provocando um desencanto que o Brexit pode acentuar, segundo autoridades da região.
"Não se pode esperar de uma União Europeia abalada com a saída do Reino Unido e lutando por sua sobrevivência que se ocupe com a ampliação dos Bálcãs", afirma o presidente da Câmara de Comércio de Kosovo, Safet Gerxhaliu.
Uma era de pazSeis países dos Bálcãs - Albânia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Macedônia, Montenegro e Sérvia - sonham com integrar a União Europeia. O ano de 2020, horizonte inicial para a adesão de alguns desses países, já parece ilusório.
A Macedônia, por exemplo, ficaria "mais longe da União Europeia do que está agora", se os britânicos se separarem da UE, afirma o dirigente do partido socialdemocrata da Macedônia, Petre Silegov.
Apesar de uma forte corrente pró-russa na opinião pública, na Sérvia, o primeiro-ministro Aleksandar Vucic ganhou as eleições por ampla vantagem, graças a um programa pró-Europa.
Na Albânia, a reforma do Sistema Judiciário exigida por Bruxelas abriu uma crise política, mas por razões alheias ao projeto de adesão. Este último praticamente não tem opositores.
"Graças a essa aspiração, modificamos o curso de uma longa história de guerras e de conflitos sangrentos e entramos em uma nova era de paz e de cooperação", escrevia o premiê Edi Rama, no final de abril, na página de opinião do Times.
Atualmente, porém, os Bálcãs têm mais do que nunca o sentimento de não ser uma prioridade europeia.
"Uma saída do Reino Unido nutrirá o euroceticismo", adverte a ministra kosovar do Diálogo, Edita Tahiri.
"O que mais temo é que os Bálcãs fiquem fora do radar, aconteça o que acontecer no Reino Unido" no referendo de quinta-feira (23), afirmou Tanja Miscevic.
"Em cada crise interna, as portas da União Europeia se fecham para os novos membros", destaca o analista de Pristina Naïm Gashi.
Existe o risco de uma nova "ascensão do nacionalismo em todo o continente", se o sonho europeu se desvanecer, completou Tanja Miscevic.
Embora a extrema-direita não tenha na Sérvia a mesma força eleitoral que na Áustria, o ultranacionalista Vojislav Seselj conseguiu voltar ao Parlamento, disposto a estimular as brasas antieuropeias.
Fechar as portas aos Bálcãs pode somar um novo problema para o Velho Continente, adverte Tanja Miscevic.
"Apenas uma Europa consolidada pode resolver problemas como a crise dos imigrantes", defendeu.
bur-ng/rap.
"Por favor, não saiam!", era a frase final de um artigo de opinião publicado pelo chefe de governo albanês no jornal "Times", de Londres.
"O Reino Unido ficando, ou não, as negociações entre os 27 Estados-membros e o Reino Unido serão prioritárias na agenda da UE, no mesmo nível que a crise dos imigrantes", disse à AFP a negociadora do governo sérvio com a UE, Tanja Miscevic.
"Depois, será a vez da Turquia e, se não surgir nenhuma outra coisa, a ampliação e a Sérvia", completou.
Nessa região pobre, de cerca de 20 milhões de habitantes, a ideia europeia ainda tem força e é vista como uma promessa de estabilidade, paz e prosperidade. Esse entusiasmo foi contido, primeiramente, pela crise econômica e, depois, pela crise dos imigrantes.
Na primeira linha de frente do fluxo de imigrantes, os países balcânicos não se sentiram apoiados por Europa, provocando um desencanto que o Brexit pode acentuar, segundo autoridades da região.
"Não se pode esperar de uma União Europeia abalada com a saída do Reino Unido e lutando por sua sobrevivência que se ocupe com a ampliação dos Bálcãs", afirma o presidente da Câmara de Comércio de Kosovo, Safet Gerxhaliu.
Uma era de pazSeis países dos Bálcãs - Albânia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Macedônia, Montenegro e Sérvia - sonham com integrar a União Europeia. O ano de 2020, horizonte inicial para a adesão de alguns desses países, já parece ilusório.
A Macedônia, por exemplo, ficaria "mais longe da União Europeia do que está agora", se os britânicos se separarem da UE, afirma o dirigente do partido socialdemocrata da Macedônia, Petre Silegov.
Apesar de uma forte corrente pró-russa na opinião pública, na Sérvia, o primeiro-ministro Aleksandar Vucic ganhou as eleições por ampla vantagem, graças a um programa pró-Europa.
Na Albânia, a reforma do Sistema Judiciário exigida por Bruxelas abriu uma crise política, mas por razões alheias ao projeto de adesão. Este último praticamente não tem opositores.
"Graças a essa aspiração, modificamos o curso de uma longa história de guerras e de conflitos sangrentos e entramos em uma nova era de paz e de cooperação", escrevia o premiê Edi Rama, no final de abril, na página de opinião do Times.
Atualmente, porém, os Bálcãs têm mais do que nunca o sentimento de não ser uma prioridade europeia.
"Uma saída do Reino Unido nutrirá o euroceticismo", adverte a ministra kosovar do Diálogo, Edita Tahiri.
"O que mais temo é que os Bálcãs fiquem fora do radar, aconteça o que acontecer no Reino Unido" no referendo de quinta-feira (23), afirmou Tanja Miscevic.
"Em cada crise interna, as portas da União Europeia se fecham para os novos membros", destaca o analista de Pristina Naïm Gashi.
Existe o risco de uma nova "ascensão do nacionalismo em todo o continente", se o sonho europeu se desvanecer, completou Tanja Miscevic.
Embora a extrema-direita não tenha na Sérvia a mesma força eleitoral que na Áustria, o ultranacionalista Vojislav Seselj conseguiu voltar ao Parlamento, disposto a estimular as brasas antieuropeias.
Fechar as portas aos Bálcãs pode somar um novo problema para o Velho Continente, adverte Tanja Miscevic.
"Apenas uma Europa consolidada pode resolver problemas como a crise dos imigrantes", defendeu.
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