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Vanádio, aposta inusual entre as commodities brasileiras

23/06/2016 16h31

Maracás, Brasil, 23 Jun 2016 (AFP) - Um imenso balé de operários, gruas e caminhões trabalha em ritmo frenético no nordeste do Brasil, onde as entranhas da terra são reviradas para extrair, moer, derreter e prensar em lâminas o vanádio, um metal que torna o aço muito mais resistente.

Cerca de 500 pessoas trabalham na única mina de vanádio da América Latina, a Maracás Menchen, situada 400 km a oeste de Salvador. A companhia canadense Largo Resources é dona de 90% da propriedade.

Seus donos garantem que esses campos contam com o vanádio mais puro do mundo, extraído a um custo mais competitivo do que o do maior produtor mundial, a China, e do que a Rússia e a África do Sul.

Pouco conhecido em relação ao minério de ferro, uma das principais commodities brasileiras, o vanádio é utilizado sobretudo como aditivo para fortalecer o aço e reduzir seu peso.

Esse metal cinzento e brilhante também é usado na fabricação de aço inoxidável para material cirúrgico, na indústria aeroespacial, componentes de reatores nucleares e imãs supercondutores.

Em maio deste ano, a mina teve uma produção recorde de 780 toneladas, destinadas a construir edifícios mais resistentes a terremotos ou automóveis mais seguros.

A mina tem uma capacidade de 9.700 toneladas, reservas provadas de 18,4 milhões de toneladas e vende atualmente 100% de sua produção à multinacional de commodities anglo-suíça Glencore.

Resistente"Com uma pequena quantidade de vanádio - falo de 500 gramas por tonelada de aço -, melhoramos a qualidade da resistência do aço em 30%, o que significa que na construção de automóveis podemos reduzir a massa em 30%", disse à AFP Paulo Misk, presidente da Largo Resources no Brasil.

"Isso poupa combustível (porque o transporte é menor) e reduz o impacto ambiental de toda a cadeia de aço. É por isso que eu digo que é um metal verde", acrescentou.

Os preços do vanádio caíram nos últimos tempos, assim como os de outras matérias-primas, alcançando um mínimo de 2,40 dólares em dezembro de 2015.

Muitos produtores quebraram ou abandonaram o negócio, mas uma demanda renovada dá esperanças à Largo Resources.

"Os preços começam a subir. Estamos agora na gama dos 4 dólares a libra (413 gramas), o que representa um aumento de 60% a 70% desde dezembro do ano passado", disse Mark Smith, presidente da companhia, em uma visita realizada na semana passada a Maracás.

"A escassez no abastecimento cria tensões no mercado e isso faz que os preços subam. Aço que teremos uma escassez de vanádio este ano e possivelmente parte do ano que vem", estimou.

O Brasil é uma potência exportadora de matérias-primas e é um um produtor central nos mercados globais de café, suco de laranja, carne, soja e minério de ferro.

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