Cepal pede ao México 'estratégia forte' perante Trump
Davos, Suíça, 19 Jan 2017 (AFP) - O México precisa de uma "estratégia forte" para manter o investimento estrangeiro na indústria e que vá além da política promovida pelo novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou a secretária-executiva da Cepal em entrevista à AFP em Davos, onde se celebra o Fórum Econômico Mundial.
Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), preconiza também uma política industrial mais de longo prazo, como a da China, para a América Latina, cuja economia sofreu uma contração de 1,1% do PIB em 2016 e deverá crescer somente 1,3% em 2017.
PERGUNTA: Quais podem ser as consequências da chegada de Donald Trump para a economia da região?
RESPOSTA: Quase todos os países de nossa região apostaram no livre-comércio e agora estão em questão seu futuro e o dos acordos de livre-comércio, fundamentalmente com os Estados Unidos. A pergunta que está no ar é: se os Estados Unidos decidirem não participar ativamente no TPP [Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica] ou em outros acordos, será que outros países, como a China, tomarão esse papel?
P: O que o México pode fazer, em particular sua indústria automotiva, em relação a Trump?
R: Uma coisa é a Ford decidir não ir a San Luis Potosí e ir para os Estados Unidos, estamos falando de bilhões de dólares. Mas a Ford tem um investimento muito maior do que isso no México. O vai fazer, desmantelar aquilo e voltar? Acho que o México deveria traçar uma estratégia conjunta com as empresas. Além disso, não só estamos falando da Ford e da General Motors, mas de empresas japonesas e alemãs. O que está faltando é uma estratégia forte do México em vez de concentrar tudo na negociação com Donald Trump. Trump já disse o que quis, agora falta o México dizer o que quer.
P: A América Latina tem que continuar apostando no investimento chinês?
R: A China tem uma visão industrial de que está substituindo as manufaturas que antes importava por manufaturas que agora está produzindo no país. É o que eu chamo de uma estratégia industrial de longo prazo. E isso é o que falta para a América Latina. Logicamente não vamos deixar a mineração, porque as maiores reservas de prata, cobre e ouro estão aqui. Mas deve-se diversificar o terreno, nos abrir a um maior valor agregado. O Chile já avançou um pouco nisso, com o cobre refinado. Um setor de enorme potencial é o agroindustrial, não a soja bruta, mas processada, os alimentos processados, etc., inclusive com indústrias chinesas que investem na América Latina. Mas deve ser um investimento com regras claras na área de emprego.
Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), preconiza também uma política industrial mais de longo prazo, como a da China, para a América Latina, cuja economia sofreu uma contração de 1,1% do PIB em 2016 e deverá crescer somente 1,3% em 2017.
PERGUNTA: Quais podem ser as consequências da chegada de Donald Trump para a economia da região?
RESPOSTA: Quase todos os países de nossa região apostaram no livre-comércio e agora estão em questão seu futuro e o dos acordos de livre-comércio, fundamentalmente com os Estados Unidos. A pergunta que está no ar é: se os Estados Unidos decidirem não participar ativamente no TPP [Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica] ou em outros acordos, será que outros países, como a China, tomarão esse papel?
P: O que o México pode fazer, em particular sua indústria automotiva, em relação a Trump?
R: Uma coisa é a Ford decidir não ir a San Luis Potosí e ir para os Estados Unidos, estamos falando de bilhões de dólares. Mas a Ford tem um investimento muito maior do que isso no México. O vai fazer, desmantelar aquilo e voltar? Acho que o México deveria traçar uma estratégia conjunta com as empresas. Além disso, não só estamos falando da Ford e da General Motors, mas de empresas japonesas e alemãs. O que está faltando é uma estratégia forte do México em vez de concentrar tudo na negociação com Donald Trump. Trump já disse o que quis, agora falta o México dizer o que quer.
P: A América Latina tem que continuar apostando no investimento chinês?
R: A China tem uma visão industrial de que está substituindo as manufaturas que antes importava por manufaturas que agora está produzindo no país. É o que eu chamo de uma estratégia industrial de longo prazo. E isso é o que falta para a América Latina. Logicamente não vamos deixar a mineração, porque as maiores reservas de prata, cobre e ouro estão aqui. Mas deve-se diversificar o terreno, nos abrir a um maior valor agregado. O Chile já avançou um pouco nisso, com o cobre refinado. Um setor de enorme potencial é o agroindustrial, não a soja bruta, mas processada, os alimentos processados, etc., inclusive com indústrias chinesas que investem na América Latina. Mas deve ser um investimento com regras claras na área de emprego.
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