Proibição do tráfico de imigrantes atinge em cheio a economia do Níger
Agadèz, Níger, 20 Jun 2017 (AFP) - "É como se dessemos um tapa em uma criança sem saber o que ela fez de mal". Isuf Maha, prefeito de Tchirozerine, próximo de Agadez, resume assim "a sensação da população" após uma lei que proíbe o tráfico de imigrantes no Níger.
Em maio de 2015, o governo nigeriano adotou um texto que proíbe o tráfico ilegal de imigrantes. Os infratores enfrentam "de um a 30 anos de prisão", "multas de 3 a 30 milhões de francos CFA (4.500 a 45.000 euros)", e o "confisco" de veículos.
A lei começou a ser aplica "estritamente a partir de agosto de 2016", disse em entrevista à AFP o ministro do Interior Mohamed Bazum.
Mais de "uma centena de traficantes de pessoas" foi detida, cerca de cem veículos confiscados e "cerca de 7.000 imigrantes levados para Agadez", diz o ministro, que acredita que é preciso lutar contra "todos os tráficos (imigrantes, armas, drogas) que estão interconectados".
O resultado é que traficantes e intermediários diminuíram na região, mas lojas, bancos e operadoras também sofreram com a falta dos millhares de imigrantes que, apesar da extrema pobreza, deram vida à cidade, zona de passagem para Líbia e Europa.
"Sou ajudante intermediário. Agora a polícia nos chama de 'cúmplices'", ironiza Achama Akomili, de 35 anos, para descrevere a criminalização de sua atividade, legal até dois meses atrás.
"Antes ganhava bem minha vida. Pagava meu aluguel com os imigrantes e os intermediários. Podia manter minha mulher com isso, ajudava minha família. Hoje em dia, nada funciona. Antes de cada dia, podia ganhar 30-40.000 (45-60 euros). Atualmente, posso passar uma semana sem ganhar nada", diz.
- 'Uma perda para a região' -"Já não vendo nada. O negócio está parado", se queixa Isuf Halidu, vendedor do mercado, que propões uma série de produtos que podem ser úteis para os imigrantes, como luvas, recipientes para água, leite, açúcar e etc.
Nos bancos, as múltiplas propagandas das empresas de transferências monetárias (Al Izza, Ria, Western Union) dão uma ideia da grande soma de dinheiro que transita por Agadez.
"Antes, tinha fila na frente dos bancos. Podíamos ter mais de 300 imigrantes por dia em uma agência. Hoje, nada ou quase nada (...) É uma perda para a região", afirma um funcionário que pediu para não ser identificado.
Para o ministro do Interior, "a crítica está fundamentada. Tendo em conta a amplidão do tráfico de imigrantes irregulares, se desenvolveu uma economia que fazia viver muitas pessoas".
- O dinheiro da Europa -Com o apoio da Europa, Níger adotou um "programa de 300 bilhões de CFA" (460 milhões de euros), plano global com uma parte relativa à segurança (30%) mas também à economia e civil (70%), que tem que "afetar todos os âmbitos das atividades", explica Bazum.
Este montante faz sonhar os habitantes de Agadez: "Quando veremos o dinheiro que a Europa deu? Sempre há reuniões, mas para nós nada. Temos mulheres e filhos e estamos esperando", critica Abdulaye Alora, intermediário de 45 anos.
Isuf Maha, também Secretário-Geral da Associação de Municipalidades da região de Agadez, teme que a proibição de trabalhar com imigrantes leva os desempregados para atividades ilegais, como o tráfico de cocaína, de armas ou de carros roubados.
Em maio de 2015, o governo nigeriano adotou um texto que proíbe o tráfico ilegal de imigrantes. Os infratores enfrentam "de um a 30 anos de prisão", "multas de 3 a 30 milhões de francos CFA (4.500 a 45.000 euros)", e o "confisco" de veículos.
A lei começou a ser aplica "estritamente a partir de agosto de 2016", disse em entrevista à AFP o ministro do Interior Mohamed Bazum.
Mais de "uma centena de traficantes de pessoas" foi detida, cerca de cem veículos confiscados e "cerca de 7.000 imigrantes levados para Agadez", diz o ministro, que acredita que é preciso lutar contra "todos os tráficos (imigrantes, armas, drogas) que estão interconectados".
O resultado é que traficantes e intermediários diminuíram na região, mas lojas, bancos e operadoras também sofreram com a falta dos millhares de imigrantes que, apesar da extrema pobreza, deram vida à cidade, zona de passagem para Líbia e Europa.
"Sou ajudante intermediário. Agora a polícia nos chama de 'cúmplices'", ironiza Achama Akomili, de 35 anos, para descrevere a criminalização de sua atividade, legal até dois meses atrás.
"Antes ganhava bem minha vida. Pagava meu aluguel com os imigrantes e os intermediários. Podia manter minha mulher com isso, ajudava minha família. Hoje em dia, nada funciona. Antes de cada dia, podia ganhar 30-40.000 (45-60 euros). Atualmente, posso passar uma semana sem ganhar nada", diz.
- 'Uma perda para a região' -"Já não vendo nada. O negócio está parado", se queixa Isuf Halidu, vendedor do mercado, que propões uma série de produtos que podem ser úteis para os imigrantes, como luvas, recipientes para água, leite, açúcar e etc.
Nos bancos, as múltiplas propagandas das empresas de transferências monetárias (Al Izza, Ria, Western Union) dão uma ideia da grande soma de dinheiro que transita por Agadez.
"Antes, tinha fila na frente dos bancos. Podíamos ter mais de 300 imigrantes por dia em uma agência. Hoje, nada ou quase nada (...) É uma perda para a região", afirma um funcionário que pediu para não ser identificado.
Para o ministro do Interior, "a crítica está fundamentada. Tendo em conta a amplidão do tráfico de imigrantes irregulares, se desenvolveu uma economia que fazia viver muitas pessoas".
- O dinheiro da Europa -Com o apoio da Europa, Níger adotou um "programa de 300 bilhões de CFA" (460 milhões de euros), plano global com uma parte relativa à segurança (30%) mas também à economia e civil (70%), que tem que "afetar todos os âmbitos das atividades", explica Bazum.
Este montante faz sonhar os habitantes de Agadez: "Quando veremos o dinheiro que a Europa deu? Sempre há reuniões, mas para nós nada. Temos mulheres e filhos e estamos esperando", critica Abdulaye Alora, intermediário de 45 anos.
Isuf Maha, também Secretário-Geral da Associação de Municipalidades da região de Agadez, teme que a proibição de trabalhar com imigrantes leva os desempregados para atividades ilegais, como o tráfico de cocaína, de armas ou de carros roubados.
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