EUA inflexível sobre comércio marca agenda do G20
Buenos Aires, 22 Jul 2018 (AFP) - Os ministros da Economia e presidentes de bancos centrais do G20 reunidos em Buenos Aires advertiram neste domingo (22) sobre os riscos que as "tensões comerciais" supõem para o crescimento global, e fizeram um chamado a "fortalecer o diálogo".
Embora o crescimento da economia mundial continue sendo "robusto", os "riscos em curto e médio prazo aumentaram", incluindo "o aumento das tensões comerciais e geopolíticas", assinalaram os responsáveis no comunicado final do G20 financeiro.
Os ministros também pediram que "reforcem o diálogo" para "melhorar a confiança", em meio a um aumento generalizado de tarifas alfandegárias após a decisão do governo de Donald Trump de impor taxas adicionais às importações de aço e alumínio.
"Reconhecemos a necessidade de reforçar o diálogo e as ações para mitigar riscos e melhorar a confiança", assinalaram.
"O comércio internacional e o investimento são importantes motores do crescimento, da produtividade, da inovação, da criação de emprego e do desenvolvimento", asseguram. "Estamos trabalhando para fortalecer a contribuição do comércio a nossas economias", concluem.
O texto, em tom conciliatório, não faz referência direta à guerra comercial e se aproxima mais das declarações europeias que buscam construir pontes para evitar uma escalada, do que à postura mais dura exibida pelos Estados Unidos no fim de semana.
A reunião do G20 financeiro, integrado por ministros da Economia e presidentes de bancos centrais, se tornou um fórum de discussão dos aumentos das tarifas decididos pela administração de Donald Trump.
O FMI advertiu que a guerra comercial atingirá o crescimento mundial, mas Washington anunciou no G20 que seguirá pressionando por um comércio mais "equilibrado".
- Aliados, não inimigos -Em um tom oposto ao assumido pelo governo de Donald Trump, o comissário europeu para Assuntos Econômicos e Finaceiros, Fiscalização e Alfândegas, Pierre Moscovici, assegurou neste domingo que os países europeus estão prontos para "estender pontes".
"Estamos prontos para estender pontes (...) Devemos agir com Estados Unidos como aliados, não inimigos, mas aliados", enfatizou em entrevista coletiva.
O funcionário respondia assim a comentários de Trump. Na semana passada, o presidente americano qualificou a China, a UE e a Rússia como "inimigos" comerciais, e ameaçou ampliar as tarifas adicionais que dispôs sobre o aço e o alumínio a todas as importações do gigante asiático, em um total de 500 bilhões de dólares anuais.
- Inflexíveis -Os Estados Unidos se mostraram inflexíveis em sua postura.
"Desejamos ter uma relação (comercial) mais equilibrada" com a China "e a relação equilibrada é a que possamos vender mais bens" ao gigante asiático, afirmou o secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, no sábado.
Os Estados Unidos buscam combater um déficit comercial com a China que supera os 370 bilhões de dólares anuais. No processo, o aumento de tarifas afetou outros sócios comerciais como União Europeia (UE), Canadá e México (membros junto com os Estados Unidos do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte, Nafta).
"A União Europeia não é, certamente, responsável por grandes desequilíbrios comerciais. Achamos que nos acusar é inapropriado", respondeu Moscovici.
As medidas em retaliação logo apareceram e se espalharam, ameaçando agora afetar o crescimento mundial.
- Apenas perdedores -A UE insiste que a atual conjuntura só deixará "perdedores" pelo caminho.
"O impacto das medidas protecionistas implementadas foram, felizmente, limitadas até agora, mas o risco de uma escalada (desse impacto) está latente", advertiu Moscovici.
"Nos faz falta dizer que um aumento dos conflitos comerciais afetaria negativamente o bem-estar em todos os país; também nos Estados Unidos", acrescentou.
"O protecionismo não é bom para ninguém. Não há vencedores, apenas vítimas", concluiu.
No sábado, em entrevista com a AFP, o ministro francês de Economia e Finanças, Bruno Le Maire, havia assinalado que a guerra comercial só deixará "perdedores", "destruirá empregos e afetará o crescimento mundial", enquanto pediu que Washington volte "à razão" e "respeite as regras multilaterais e seus aliados".
- Crise do multilateralismo -A tensão vista nas trocas de declarações durante o G20 em Buenos Aires é mais uma amostra da crise das negociações comerciais multilaterais, que ficam evidentes na paralisação que a Organização Mundial do Comércio (OMC) atravessa.
Enquanto Le Maire advogou por "reformar o multilateralismo comercial", Moscovici assinalou que o "sistema multilateral, do qual o G20 é uma peça central, está sob uma pressão significativa" e pediu para "fortalecê-lo".
"As decisões unilaterais nunca podem ser a resposta", enfatizou em clara referência às medidas de Washington.
Eduardo Guardia, ministro da Fazenda do Brasil - um dos países emergentes fundadores do G20 -, assinalou "a importância dos organismos internacionais de resolução de controvérsias" no contexto como o atual.
"Tudo o que vai na contramão do livre-comércio, de um comércio baseado em regras, deve ser resolvido por meio dos organismos multilaterais que são feitos exatamente para solucionar este tipo de conflito", afirmou em declarações a jornalistas. O contrário "pode ter um impacto negativo na economia mundial", acrescentou.
No encerramento das deliberações da cúpula, o presidente argentino, Mauricio Macri, agradeceu o respaldo da comunidade internacional ao seu governo.
"A comunidade internacional nos deu um respaldo muito, muito forte, obrigado por tudo isso", disse Macri.
No encerramento das discussões do G20, Macri pediu às delegações que "continuem trabalhando para alcançar um crescimento mais inclusivo".
A Argentina, que exerce a presidência do G20, "está muito satisfeita com os avanços que estão sendo realizados em cada grupo de trabalho", concluiu.
Embora o crescimento da economia mundial continue sendo "robusto", os "riscos em curto e médio prazo aumentaram", incluindo "o aumento das tensões comerciais e geopolíticas", assinalaram os responsáveis no comunicado final do G20 financeiro.
Os ministros também pediram que "reforcem o diálogo" para "melhorar a confiança", em meio a um aumento generalizado de tarifas alfandegárias após a decisão do governo de Donald Trump de impor taxas adicionais às importações de aço e alumínio.
"Reconhecemos a necessidade de reforçar o diálogo e as ações para mitigar riscos e melhorar a confiança", assinalaram.
"O comércio internacional e o investimento são importantes motores do crescimento, da produtividade, da inovação, da criação de emprego e do desenvolvimento", asseguram. "Estamos trabalhando para fortalecer a contribuição do comércio a nossas economias", concluem.
O texto, em tom conciliatório, não faz referência direta à guerra comercial e se aproxima mais das declarações europeias que buscam construir pontes para evitar uma escalada, do que à postura mais dura exibida pelos Estados Unidos no fim de semana.
A reunião do G20 financeiro, integrado por ministros da Economia e presidentes de bancos centrais, se tornou um fórum de discussão dos aumentos das tarifas decididos pela administração de Donald Trump.
O FMI advertiu que a guerra comercial atingirá o crescimento mundial, mas Washington anunciou no G20 que seguirá pressionando por um comércio mais "equilibrado".
- Aliados, não inimigos -Em um tom oposto ao assumido pelo governo de Donald Trump, o comissário europeu para Assuntos Econômicos e Finaceiros, Fiscalização e Alfândegas, Pierre Moscovici, assegurou neste domingo que os países europeus estão prontos para "estender pontes".
"Estamos prontos para estender pontes (...) Devemos agir com Estados Unidos como aliados, não inimigos, mas aliados", enfatizou em entrevista coletiva.
O funcionário respondia assim a comentários de Trump. Na semana passada, o presidente americano qualificou a China, a UE e a Rússia como "inimigos" comerciais, e ameaçou ampliar as tarifas adicionais que dispôs sobre o aço e o alumínio a todas as importações do gigante asiático, em um total de 500 bilhões de dólares anuais.
- Inflexíveis -Os Estados Unidos se mostraram inflexíveis em sua postura.
"Desejamos ter uma relação (comercial) mais equilibrada" com a China "e a relação equilibrada é a que possamos vender mais bens" ao gigante asiático, afirmou o secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, no sábado.
Os Estados Unidos buscam combater um déficit comercial com a China que supera os 370 bilhões de dólares anuais. No processo, o aumento de tarifas afetou outros sócios comerciais como União Europeia (UE), Canadá e México (membros junto com os Estados Unidos do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte, Nafta).
"A União Europeia não é, certamente, responsável por grandes desequilíbrios comerciais. Achamos que nos acusar é inapropriado", respondeu Moscovici.
As medidas em retaliação logo apareceram e se espalharam, ameaçando agora afetar o crescimento mundial.
- Apenas perdedores -A UE insiste que a atual conjuntura só deixará "perdedores" pelo caminho.
"O impacto das medidas protecionistas implementadas foram, felizmente, limitadas até agora, mas o risco de uma escalada (desse impacto) está latente", advertiu Moscovici.
"Nos faz falta dizer que um aumento dos conflitos comerciais afetaria negativamente o bem-estar em todos os país; também nos Estados Unidos", acrescentou.
"O protecionismo não é bom para ninguém. Não há vencedores, apenas vítimas", concluiu.
No sábado, em entrevista com a AFP, o ministro francês de Economia e Finanças, Bruno Le Maire, havia assinalado que a guerra comercial só deixará "perdedores", "destruirá empregos e afetará o crescimento mundial", enquanto pediu que Washington volte "à razão" e "respeite as regras multilaterais e seus aliados".
- Crise do multilateralismo -A tensão vista nas trocas de declarações durante o G20 em Buenos Aires é mais uma amostra da crise das negociações comerciais multilaterais, que ficam evidentes na paralisação que a Organização Mundial do Comércio (OMC) atravessa.
Enquanto Le Maire advogou por "reformar o multilateralismo comercial", Moscovici assinalou que o "sistema multilateral, do qual o G20 é uma peça central, está sob uma pressão significativa" e pediu para "fortalecê-lo".
"As decisões unilaterais nunca podem ser a resposta", enfatizou em clara referência às medidas de Washington.
Eduardo Guardia, ministro da Fazenda do Brasil - um dos países emergentes fundadores do G20 -, assinalou "a importância dos organismos internacionais de resolução de controvérsias" no contexto como o atual.
"Tudo o que vai na contramão do livre-comércio, de um comércio baseado em regras, deve ser resolvido por meio dos organismos multilaterais que são feitos exatamente para solucionar este tipo de conflito", afirmou em declarações a jornalistas. O contrário "pode ter um impacto negativo na economia mundial", acrescentou.
No encerramento das deliberações da cúpula, o presidente argentino, Mauricio Macri, agradeceu o respaldo da comunidade internacional ao seu governo.
"A comunidade internacional nos deu um respaldo muito, muito forte, obrigado por tudo isso", disse Macri.
No encerramento das discussões do G20, Macri pediu às delegações que "continuem trabalhando para alcançar um crescimento mais inclusivo".
A Argentina, que exerce a presidência do G20, "está muito satisfeita com os avanços que estão sendo realizados em cada grupo de trabalho", concluiu.
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