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Maduro atribui apagão em Caracas a 'sabotagem' da oposição

31/07/2018 20h37

Caracas, 31 Jul 2018 (AFP) - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assegurou que o grande apagão que afetou Caracas nesta terça-feira foi produto de uma sabotagem da oposição e disse que os culpados estão prestes a ser detidos.

"Sabotaram o sistema elétrico de Caracas (...). É questão de horas que capturemos os responsáveis materiais e não se surpreendam com os responsáveis políticos e intelectuais dessas maldades", disse Maduro durante um ato transmitido pela TV estatal.

O presidente socialista não deu detalhes sobre os supostos autores da pane elétrica.

"Enquanto nós trabalhamos (...), um grupelho da ultra-direita fica conspirando", acrescentou Maduro.

O grande apagão provocou o caos no transporte, no comércio, na telefonia móvel e na internet em Caracas, deixando grande parte da cidade no escuro por até três horas.

O corte chegou a atingir 80% da capital venezuelana, que tem 6 milhões de habitantes, segundo o ministro da Energia Elétrica, Luis Motta. Após cerca de três horas, o fornecimento de energia começou a se restabelecer gradualmente.

A falha se originou na subestação de Santa Teresa, no estado de Miranda, no norte do país. Segundo Motta, citando um relatório do serviço de inteligência, desconhecidos cortaram "cabos de controle dos transformadores de tensão".

O ministro publicou fotos que mostram um funcionário segurando pequenos fios cortados.

O apagão atingiu áreas de Miranda, inclusive as cidades-satélites de Guarenas e Guatire, e de Vargas, no centro-norte, onde está o aeroporto de Maiquetía, que atende à capital.

"Ficamos parados na Imigração por cerca de uma hora. Não tinha sinal de telefone, ou Internet", disse à AFP Estefanía Freire, cujo voo internacional atrasou mais de três horas em Maiquetía.

Pelo Twitter, o aeroporto garantiu que as operações aéreas foram mantidas.

O apagão provocou engarrafamentos, devido ao mau funcionamento de semáforos. O metrô de Caracas, que transporta cerca de 2 milhões de pessoas por dia, também parou, além dos serviços de telefonia celular e Internet.

As ruas ficaram lotadas de pessoas tentando chegar ao trabalho a pé, e os poucos ônibus circulavam lotados - pois 90% da frota está inativa devido à falta de peças de reposição, de acordo com o sindicato dos motoristas.

"O metrô está um caos, olha como as pessoas estão caminhando na rua, desesperadas. Não há ônibus, não há nada", queixou-se Jesús Darín, engenheiro elétrico.

Esses cortes no fornecimento de energia elétrica são frequentes na Venezuela, sobretudo, no interior. Em vários estados do oeste, como o petroleiro Zulia, aplica-se um racionamento diário que chega a durar 12 horas.

O governo atribui os apagões a "sabotagens" de seus adversários para criar descontentamento popular, enquanto a oposição os vincula à deterioração da infraestrutura, devido à falta de investimento, imperícia e corrupção.

Em Caracas, que tem 6 milhões de habitantes, os apagões são menos frequentes, mas, entre dezembro e fevereiro passado, foram registrados alguns que se prolongaram por três a cinco horas.