Confira quatro pontos-chave do controverso plano econômico de Maduro
Caracas, 20 Ago 2018 (AFP) - O governo da Venezuela colocou em marcha um programa de reformas econômicas com as quais promete por fim à terrível crise sócio-econômica do país. Quais são as medidas anunciadas pelo presidente Nicolás Maduro? O que significam?
- Cinco zeros a menos -Nesta segunda-feira, entrou em vigor o chamado 'bolívar soberano', com novas notas com cinco zeros a menos.
O valor mais alto, uma nota de 500 bolívares, equivale a 50 milhões de bolívares da velha moeda (7 dólares à taxa do mercado negro, que domina a economia). A menor é uma outra moeda de 0,5.
Asdrúbal Oliveros, diretor da consultoria Ecoanalítica, adverte que "em poucos meses" as novas notas podem evaporar se a hiperinflação - que o FMI projeta em 1.000.000% para 2018 - não for controlada.
A última emissão, em 2016, da moeda hoje extinta e que multiplicou em 200 a mais alta denominação teve atrasos que desataram em protestos e saques que deixaram quatro mortos. Voltou a ampliar em 2017, mas as notas nunca foram suficientes.
- Lastro e aumento salarial -Maduro assegurou que o 'bolívar soberano' é lastreado pelo 'petro', criptomoeda com a qual busca liquidez. Um petro, disse, equivale a 60 dólares, baseado no barril do petróleo venezuelano, e a 3.600 bolívares do novo plano monetário.
Na sexta-feira, anunciou que o salário mínimo será de meio petro (1.800 bolívares) a partir de 1º de setembro, e salta, nos antigos bolívares, de 5,2 milhões (menos de um dólar) para 180 milhões (cerca de 28 dólares), um aumento de aproximadamente 3.400%.
Desde que foi lançado em março passado, o criptoativo - proibido pelos Estados Unidos -, não é cotado em casas de câmbio virtuais nem registra transações.
O presidente garantiu que assumirá por 90 dias o enorme diferencial do aumento salarial na "média e pequena indústria".
Henkel García, diretor de Econométrica, acredita que isso é "inviável" e que implicaria em continuar ampliando desordenadamente a base monetária, pela explosão do custo de vida.
Para o economista Jean Paul Leidenz, o lastro seria uma tentativa de simular o que o Brasil fez na década de 1990, quando o real substituiu o cruzeiro, destruído pela hiperinflação.
Mas considera que será impossível pela indisciplina fiscal, embora Maduro tenha prometido um "déficit fiscal zero" e anunciado aumento de impostos.
"Poderia ter sentido lastrear em algo que você não pudesse controlar, mas o governo controla o petro", avaliou García.
- Gasolina em alta -Sem acesso a financiamento, Maduro subirá o preço gasolina - praticamente de graça na Venezuela -, mantendo o subsídio somente para quem tem o carnê do governo necessário para benefícios sociais, considerado pela oposição um mecanismo de controle social.
Para isso, os interessados devem registrar seu veículo em um censo que o mandatário estendeu até 30 de agosto.
Quem não fizer isso pagará "preços internacionais", alertou Maduro, sem citar valores. O ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, assegurou que o novo esquema será aplicado na última semana de setembro.
Com um dólar trocado no mercado paralelo compram-se cerca de sete milhões de litros de gasolina, mas somente 1,5 litros de Coca-Cola.
O subsídio ao combustível custou cerca de 10 bilhões de dólares anuais desde 2012, disse à AFP o analista Luis Oliveros.
- Taxa única e desvalorização -Nesta segunda, foi derrogada uma lei que punia com multas e prisão de até 15 anos aqueles que transacionassem divisas fora do rígido controle cambial vigente desde 2003, que dá ao Estado seu monopólio.
A medida permitirá fazer operações em casas de câmbio "autorizadas", mas não se sabe como isso será implementado. Serão abertas cerca de 300 filiais, disse Rodríguez. No entanto, segundo García, o impacto será "limitado".
Haverá uma única taxa oficial flutuante, mas não foi informado seu valor inicial.
Com o valor relacionado à criptomoeda (1 petro equivalente a 60 dólares e a 3.600 bolívares soberanos), o câmbio resultante seria de 6 trilhões dos velhos bolívares por dólar.
Para Asdrúbal Oliveros, isso é um reconhecimento do "mercado negro", onde as cotações multiplicam até por 30 a oficial, diferença que tem gerado corrupção em um país que depende das importações.
O governo mantém o controle cambial "como mecanismo para a repartição de rendas entre grupos de poder", estima a Ecoanalítica.
- Cinco zeros a menos -Nesta segunda-feira, entrou em vigor o chamado 'bolívar soberano', com novas notas com cinco zeros a menos.
O valor mais alto, uma nota de 500 bolívares, equivale a 50 milhões de bolívares da velha moeda (7 dólares à taxa do mercado negro, que domina a economia). A menor é uma outra moeda de 0,5.
Asdrúbal Oliveros, diretor da consultoria Ecoanalítica, adverte que "em poucos meses" as novas notas podem evaporar se a hiperinflação - que o FMI projeta em 1.000.000% para 2018 - não for controlada.
A última emissão, em 2016, da moeda hoje extinta e que multiplicou em 200 a mais alta denominação teve atrasos que desataram em protestos e saques que deixaram quatro mortos. Voltou a ampliar em 2017, mas as notas nunca foram suficientes.
- Lastro e aumento salarial -Maduro assegurou que o 'bolívar soberano' é lastreado pelo 'petro', criptomoeda com a qual busca liquidez. Um petro, disse, equivale a 60 dólares, baseado no barril do petróleo venezuelano, e a 3.600 bolívares do novo plano monetário.
Na sexta-feira, anunciou que o salário mínimo será de meio petro (1.800 bolívares) a partir de 1º de setembro, e salta, nos antigos bolívares, de 5,2 milhões (menos de um dólar) para 180 milhões (cerca de 28 dólares), um aumento de aproximadamente 3.400%.
Desde que foi lançado em março passado, o criptoativo - proibido pelos Estados Unidos -, não é cotado em casas de câmbio virtuais nem registra transações.
O presidente garantiu que assumirá por 90 dias o enorme diferencial do aumento salarial na "média e pequena indústria".
Henkel García, diretor de Econométrica, acredita que isso é "inviável" e que implicaria em continuar ampliando desordenadamente a base monetária, pela explosão do custo de vida.
Para o economista Jean Paul Leidenz, o lastro seria uma tentativa de simular o que o Brasil fez na década de 1990, quando o real substituiu o cruzeiro, destruído pela hiperinflação.
Mas considera que será impossível pela indisciplina fiscal, embora Maduro tenha prometido um "déficit fiscal zero" e anunciado aumento de impostos.
"Poderia ter sentido lastrear em algo que você não pudesse controlar, mas o governo controla o petro", avaliou García.
- Gasolina em alta -Sem acesso a financiamento, Maduro subirá o preço gasolina - praticamente de graça na Venezuela -, mantendo o subsídio somente para quem tem o carnê do governo necessário para benefícios sociais, considerado pela oposição um mecanismo de controle social.
Para isso, os interessados devem registrar seu veículo em um censo que o mandatário estendeu até 30 de agosto.
Quem não fizer isso pagará "preços internacionais", alertou Maduro, sem citar valores. O ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, assegurou que o novo esquema será aplicado na última semana de setembro.
Com um dólar trocado no mercado paralelo compram-se cerca de sete milhões de litros de gasolina, mas somente 1,5 litros de Coca-Cola.
O subsídio ao combustível custou cerca de 10 bilhões de dólares anuais desde 2012, disse à AFP o analista Luis Oliveros.
- Taxa única e desvalorização -Nesta segunda, foi derrogada uma lei que punia com multas e prisão de até 15 anos aqueles que transacionassem divisas fora do rígido controle cambial vigente desde 2003, que dá ao Estado seu monopólio.
A medida permitirá fazer operações em casas de câmbio "autorizadas", mas não se sabe como isso será implementado. Serão abertas cerca de 300 filiais, disse Rodríguez. No entanto, segundo García, o impacto será "limitado".
Haverá uma única taxa oficial flutuante, mas não foi informado seu valor inicial.
Com o valor relacionado à criptomoeda (1 petro equivalente a 60 dólares e a 3.600 bolívares soberanos), o câmbio resultante seria de 6 trilhões dos velhos bolívares por dólar.
Para Asdrúbal Oliveros, isso é um reconhecimento do "mercado negro", onde as cotações multiplicam até por 30 a oficial, diferença que tem gerado corrupção em um país que depende das importações.
O governo mantém o controle cambial "como mecanismo para a repartição de rendas entre grupos de poder", estima a Ecoanalítica.
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