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Nissan afasta Ghosn da presidência do conselho administrativo

22/11/2018 13h35

Tóquio, 22 Nov 2018 (AFP) - O conselho administrativo da Nissan aprovou de forma unânime, nesta quinta-feira (22), o afastamento de Carlos Ghosn de seu cargo de presidente, dois dias depois de sua prisão em Tóquio por suposta fraude fiscal, mas garantiu que sua aliança com a Renault permanece "intacta".

"Depois de analisar um relatório detalhado da investigação interna, a diretoria votou por unanimidade para dispensar Carlos Ghosn como presidente do conselho", afirma o comunicado.

"(O conselho) Confirmou que a parceria de longa data com a Renault permanece intacta", continua o documento.

A reunião começou por volta das 7h GMT (5h de Brasília) na sede do grupo, em Yokohama. A portas fechadas, seis homens e uma mulher decidiram o destino do até agora CEO da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors, cujo caminho foi bruscamente alterado quando Ghson foi preso na última segunda-feira, no Japão.

Ele permanece em silêncio em uma cela de um centro de detenção da capital japonesa.

Hiroto Saikawa, diretor-executivo da montadora desde abril de 2017, coordenou os debates.

A princípio um substituto interino será designado, provavelmente Saikawa, que já foi o braço direito de Ghosn, mas que criticou o executivo duramente na segunda-feira.

Oficialmente, o franco-brasileiro de origem libanesa é acusado de ter, ao lado de cúmplices, "minimizado seus rendimentos em cinco oportunidades entre junho de 2011 e junho de 2015", declarando ao fisco uma renda de 4,9 bilhões de ienes (37 milhões de euros), ao invés de quase 10 bilhões de ienes.

"Este tipo de declaração falsa constitui um dos crimes mais graves em relação à legislação imposta às empresas", declarou à imprensa nesta quinta-feira Shin Kukimoto, procurador adjunto de Tóquio.

Ele não deu, entretanto, detalhes sobre a investigação em curso, nem sobre as audiências realizadas diariamente, enquanto a imprensa japonesa dá diversas versões sobre os delitos dos quais o magnata de 64 anos seria culpado.

Ghosn também é suspeito de abuso de bens sociais, de acordo com uma investigação interna da Nissan nos últimos meses.

Na quarta-feira, um tribunal distrital de Tóquio prorrogou sua detenção por 10 dias para permitir a continuidade das investigações. O período pode voltar a ser ampliado, de acordo com as regras do sistema judicial japonês.

O empresário recebeu as visitas do embaixador da França e do cônsul do Brasil, que o encontrou "em boa forma".

O grupo Nissan, como pessoa jurídica, também poderia ser processado, afirmou o representante do Ministério Público.

Já a Mitsubishi Motors (MMC) também prevê a demissão de Ghosn em um conselho na próxima semana.

- Aliança 'intacta' -Na Renault, prevalece a prudência. O conselho de administração pediu à Nissan que transmita o "conjunto das informações que possui no âmbito das investigações internas contra Ghosn".

Por ora, a montadora francesa nomeou Thierry Bolloré, número dois da empresa, para assumir o posto de Ghosn de forma interina.

O governo francês tentou se mostrar tranquilizador na quarta-feira sobre o futuro da Renault, da qual tem 15% do capital acionário.

O ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, garantiu à imprensa em Paris que um governo "sólido", embora "provisório", tinha sido eleito para permitir que a empresa seguisse suas atividades.

O francês deve encontrar seu homólogo japonês, Hiroshige Seko, para discutir a aliança de Renault, Nissan e Mitisubishi nesta quinta.

A Renault detém 43% da Nissan, mas os japoneses, que superam seu aliado em volume de negócios, não possuem mais de 15% da francesa.