Incerteza política afeta perspectiva na América Latina, diz FMI
Washington, 25 Jan 2019 (AFP) - As perspectivas de crescimento da América Latina enfrentam diversos riscos externos, mas também incertezas políticas, especialmente nas três maiores economias da região - Argentina, Brasil e México -, alertou nesta sexta-feira (25) o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Entre os riscos internos cabe mencionar uma confiança menor devido à incerteza política no Brasil e no México, bem como a incerteza relacionada às eleições na Argentina", disse o economista Alejandro Werner, diretor do Hemisfério Ocidental do FMI.
Na atualização do relatório Perspectivas da Economia Mundial (WEO) publicado nesta semana, o Fundo fgoi mais pessimista que em outubro, cortando 0,2 ponto de sua previsão para o crescimento mundial em 2019, a 3,5%.
Para a América Latina, a organização reduziu suas previsões para este ano e o próximo em 0,2 ponto, abaixo do previsto em outubro, a 2,0% em 2019 e 2,5% em 2020.
"Após uma série de eleições muito antecipadas na América Latina, aumentou a incerteza política em algumas das maiores economias da região, o que afeta as perspectivas", afirmou Werner.
Uma das economias mencionadas é o Brasil, para o qual o FMI prevê um crescimento de 2,5% para 2019 e 2,2% em 2020.
"No Brasil, a fragmentação do Congresso poderia criar obstáculos para a implementação do ambicioso programa de reforma estrutural, consolidação fiscal e reforma previdenciária", disse o FMI.
Para o México, o FMI cortou seu crescimento prevê 0,4 ponto, a 2,1%, em 2019. Werner citou entre os riscos a possibilidade de que a confiança dos empresários no México seja prejudicada se o papel do setor público na economia aumentar durante o governo do novo presidente Andrés Manuel López Obrador.
Ele também mencionou a possibilidade de dificuldades decorrentes do novo acordo comercial com os Estados Unidos e o Canadá.
A Argentina, que em 2018 recebeu um bilionário plano de ajuda do FMI para a forte desvalorização da sua moeda, a inflação encerrou o ano em 47,6%, convocou o primeiro turno das eleições presidenciais em outubro.
"Na Argentina, as eleições gerais que serão realizadas em 2019 poderiam reduzir o apetite por reformas", alertou o FMI.
"Uma escalada das tensões comerciais além do que estava incorporado nos prognósticos continua sendo uma fonte crucial de risco para as previsões", indicou o FMI, que destacou que as condições financeiras já pioraram nos últimos meses.
Este é o segundo corte das previsões da economia mundial em dois meses, embora, de acordo com a organização, as duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e China, permaneçam seguras e seus prognósticos de crescimento ficaram intactos em 2,5% e 6,2%, respectivamente.
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