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Maduro diz que continuará vendendo petróleo aos EUA apesar de ruptura de relações

25/01/2019 20h40

Caracas, 25 Jan 2019 (AFP) - A Venezuela continuará vendendo petróleo aos Estados Unidos, para onde vai um terço de sua produção, disse nesta sexta-feira (25) o presidente Nicolás Maduro, esclarecendo que a sua decisão de romper relações se limita ao âmbito diplomático.

"Nós vamos continuar vendendo tudo o que tivermos que vender (...), se comprarem o nosso petróleo, venderemos o petróleo", disse o presidente socialista em coletiva de imprensa no Palácio presidencial de Miraflores.

A delicada situação política da Venezuela elevou, nesta sexta, o preço da commodity nos mercados.

Maduro cortou laços com Washington na quarta-feira, em rechaço à decisão do presidente Donald Trump de reconhecer a autoproclamação do chefe parlamentar opositor, Juan Guaidó, como chefe de Estado interino da Venezuela.

Não obstante, Maduro sustentou nesta sexta que a sua determinação se limita às "relações políticas e diplomáticas", e que a Venezuela buscará outros mercados no caso de os Estados Unidos decidirem suspender as importações.

"Se eles não comprarem batatas, cebolas, frangos, nem petróleo, nós os venderemos em outro lugar. Continuaremos vendendo o petróleo que compram de nós e crescendo a nossa produção como estamos estimando", destacou Maduro.

A Venezuela, que possui a maior reserva de petróleo do planeta, é o terceiro fornecedor desse hidrocarboneto aos Estados Unidos, atrás de Canadá e Arábia Saudita.

Em 2018 exportou em média 510.000 barris por dia, de uma produção que caiu aos seus piores níveis em três décadas até 1,3 milhão de barris diários.

Consultoras privadas consideram que os Estados Unidos garantem o maior fluxo de caixa dos cofres venezuelanos, pois no caso da China as exportações são pagamentos de uma dívida de 20 bilhões de dólares.

Ao país asiático envia cerca de 300.000 barris por dia, de acordo com a venezuelana Capital Market.

"Os Estados Unidos são mais que Donald Trump. Donald Trump é passageiro nos Estados Unidos, ele passará. Talvez algum dia possamos ter um diálogo com eles", disse Maduro, insistindo que "as relações "vão florescer (...) com os setores comercial, energético e econômico" americanos.

A Venezuela está mergulhada na pior crise de sua história moderna, com escassez de alimentos básicos, remédios e uma inflação projeta pelo FMI em 10.000.000% para 2019.

A consultora Capital Economics adverte que se Trump decidir sancionar as exportações petroleiras venezuelanas pode acabar rachando os apoios a Maduro, incluindo os militares, sua principal sustentação.

axm/mis/gm/cb/mvv