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Exportadores chineses se preparam para novas tarifas dos EUA

09/05/2019 13h47

Pequim, 9 Mai 2019 (AFP) - Os exportadores chineses se preparam para outro golpe a sua atividade com a entrada em vigor, nesta sexta-feira, de novas tarifas dos Estados Unidos, no âmbito da guerra comercial entre ambas potências econômicas.

As negociações comerciais complexas entre a China e os Estados Unidos deveriam seguir nesta quinta-feira em Washington.

"Esperamos o resultado das negociações. Não podemos nada contra Trump se ele decidir fazer alguma coisa", afirma o funcionário de uma empresa que vende peixe aos Estados Unidos, a Tongwei Hainan Aquatic Products. A companhia é especializada na criação de tilápia, peixe muito popular nos Estados Unidos, e já está sofrendo as primeiras consequências.

"No ano passado, os consumidores não podiam aceitar preços mais elevados, por isso tivemos que reduzir nossos preços de venda", declarou o funcionário à AFP, garantindo que seus concorrentes menores quebraram.

A tilápia, chamado de "aves aquáticas" na indústria agroalimentar, é fácil de criar. No ano passado, 84% das importações dos Estados Unidos deste peixe vinham da China.

Mas as tarifas de 10% impostas pelo governo Trump afetaram este ano as vendas, e as importações caíram à metade em janeiro.

As novas tarifas previstas para amanhã seriam de 25% para a tilápia.

Após o anúncio de domingo de Donald Trump, "nossos compradores suspenderam suas entregas e não há encomendas", explica Emily Wang, diretora de outra empresa especializada neste peixe, a Hainan Zhongyi Frozen Food.

Os Estados Unidos representam 90% das vendas da companhia, que emprega 300 pessoas, segundo a diretora, e as entregas que saíram nesta semana não vão chegar antes de as tarifas aumentarem.

"Está assim em todo o setor, os clientes estão na defensiva, suspendem os pedidos em curso, não fazem novos e cancelam as entregas", indica Wang.

As consequências afetam todos os setores. As exportações totais da China para os EUA recuaram 10% nos primeiros quatro meses deste ano, comparado ao mesmo período de 2018.

As tarifas impostas desde julho ao governo Trump afetaram até agora 250 bilhões de dólares anuais em produtos chineses, quase metade do comércio chinês para os Estados Unidos.

- Preços em baixa -Contudo, paradoxalmente, o preço dos produtos importados da China caiu desde setembro, segundo o centro de pesquisa comercial Panjiva.

"Em alguns casos, os exportadores chineses reduziram seus preços para dividir a carga do aumento das tarifas com seus compradores", opina Christopher Rogers, da Panjiva.

A queda ante o dólar da moeda chinesa, o yuan, também pode ter ajudado na queda dos preços.

"Não seria surpreendente que ocorresse o mesmo fenômeno se as taxas passarem a 25% sobre 200 bilhões de dólares de produtos", acrescenta o especialista.

O diretor de uma empresa que fabrica portas de madeira no nordeste da China teve que dividir meio a meio com seus clientes os 10% adicionais de tarifas. Mas, se elas forem elevadas a 25%, o negócio não poderá sobreviver.

"Se reduzirmos ainda mais os preços, não teremos margem", afirma o diretor, que só quis se identificar pelo primeiro nome, Sun.

"Nossos pedidos vão despencar, mas não quebraremos. Sempre teremos clientes em outros países como Japão e França. Mas teremos que demitir pessoas", acrescentou.

Para evitar as tarifas americanas, sua empresa acaba de alugar um terreno na Indonésia para abrir uma segunda fábrica, que começará a produzir no fim do ano, e cujos produtos não terão que pagar essas tarifas.

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